Com imóveis mais baratos, mais oferta de empregos e proximidade de centros comerciais, a Região Metropolitana e o interior de São Paulo se tornaram importantes polos de atração para o mercado imobiliário. O crescimento orgânico das cidades médias, aliado à migração de paulistanos para fora da capital, deve criar uma demanda estável nessas áreas, na avaliação de entidades e empresários do setor.

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No ano passado, o mercado imobiliário dos municípios vizinhos à cidade de São Paulo superou até mesmo o da capital. De acordo com a última pesquisa publicada pelo Sindicato da Habitação do Estado (Secovi-SP), a velocidade de vendas de imóveis na Região Metropolitana superou o índice de São Paulo entre setembro e novembro de 2014. No penúltimo mês do ano, as cidades do entorno registraram 17,1% de comercialização do total de imóveis ofertados, ante 10,1% da metrópole.

De acordo com o presidente do Secovi-SP, Cláudio Bernardes, a Região Metropolitana e o interior do Estado têm custos menores de terrenos e regulação menos onerosa, o que permite a construção de empreendimentos com preços mais acessíveis. “Parte desse fenômeno é crescimento orgânico, mas parte também é de êxodo da metrópole”, afirmou Bernardes. Segundo ele, o valor médio de um apartamento em São Paulo é de R$ 450 mil, enquanto, no interior, não passa dos R$ 300 mil. “Essa diferença faz com que o consumidor aceite morar mais longe do trabalho para comprar uma casa melhor.”

Percebendo essa movimentação, as construtoras e incorporadoras que têm empreendimentos no Estado vêm investindo desde 2012 em projetos fora da capital. Enquanto o volume de unidades lançadas em São Paulo recuou 25% entre 2010 e 2013 (para 33 mil unidades em 2013), os lançamentos na Região Metropolitana caíram cerca de 20%, para 25 mil unidades lançadas no mesmo ano.

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Nos nove primeiros meses de 2014, cerca de 31% dos lançamentos realizados pela Cyrela em todo o País estavam concentrados no interior de São Paulo, proporção que não passava dos 17% em 2011. “São regiões que atraíram muitas empresas e cresceram bastante nos últimos anos”, diz Eduardo Leite, diretor de Incorporação da Living Construtora, braço da Cyrela focado no segmento de classe média. “São municípios menos burocráticos e voltados ao investimento.”

Já a EzTec, empresa focada na Região Metropolitana, aumentou seu volume de lançamentos fora de São Paulo de 45% das unidades, em 2011, para 74% no ano passado. Segundo o diretor de relações com os investidores da incorporadora, Emílio Fugazza, quase metade dos clientes que procuram imóveis do grupo nas proximidades da capital são moradores da própria metrópole.

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Futuro. “O cidadão que mora na zona norte já não vê tanta diferença entre morar em Guarulhos, o da zona Oeste percebe a aproximação de Osasco, o da zona Sul se vê perto de São Bernardo e Santo André”, explicou Fugazza. Para o executivo da Cyrela, essas regiões devem se manter fortes e atrair mais investimento, sem tirar o lugar de destaque da capital no portfólio da empresa. “Eu não vejo indícios de que a demanda no interior continuará mais aquecida do que na capital”, disse.

Para o presidente do Secovi-SP, tudo vai depender do nível de desequilíbrio entre os preços praticados na metrópole e nas outras regiões do Estado. “As empresas investem sempre que existe uma demanda real. Precisamos de mecanismos de incentivo para promover preços em São Paulo compatíveis com o poder aquisitivo da demanda. Assim podemos reequilibrar os mercados regionais.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.