Com as incertezas políticas no Brasil e a guerra comercial iniciada por Donald Trump, analistas começam a mudar suas projeções para a economia brasileira, prevendo um crescimento menor do que se esperava. A expectativa de uma alta de 3% no PIB deste ano, aos poucos, tem ficado para trás, especialmente após a divulgação dos indicadores econômicos do primeiro trimestre, que sinalizaram uma recuperação mais modesta do que a prevista pelos economistas no fim de 2017.

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A MB Associados, por exemplo, que chegou a estimar alta do PIB de 3,5% este ano, admite que o crescimento pode ficar mais próximo de 3%. O economista-chefe da consultoria, Sergio Vale, observa que o cenário eleitoral é um risco para essa expansão. “Há uma plêiade de candidatos com ideias esdrúxulas sobre economia e com pouca força política para manter as reformas. Isso afetará as expectativas de 2019 e pode afetar as do fim deste ano a depender do resultado da eleição.”

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Na análise do economista-chefe da LCA, Bráulio Borges, o risco eleitoral deverá frear, principalmente, o investimento. “Não vai ter muito motivo para o empresário investir em 2018 porque há uma ociosidade gigantesca e uma incerteza grande por conta da eleição”, diz. Ele destaca que a LCA já havia considerado esse risco na projeção do PIB de 2,8% neste ano.

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O economista Luiz Castelli, da GO Associados, reforça esse ponto de vista. “As pessoas não sabem o que vai acontecer e seguram os investimentos”, acrescenta. A GO projeta alta de 3,2% no PIB, mas aguarda os resultados do primeiro trimestre para reavaliar esse número.

Para Silvio Campos Neto, da Tendências, o aumento da perspectiva de não continuidade das reformas amplia as incertezas. “A Bolsa e o câmbio já refletem o risco que se ampliou em 2018. Três meses atrás, o cenário era mais confortável”, diz ele, que projeta um crescimento de 2,8% para o PIB. No ano passado, a economia avançou 1%, depois de duas quedas consecutivas de 3,5% em 2015 e 2016, que levaram o País à recessão.

Revisão

Uma das consultorias mais otimistas, a Pezco esperava um crescimento de 3,9% para este ano. Em março, reduziu para 3,5%. “Voltamos a ter um consumo tímido e os juros não estão chegando na ponta final”, diz Yan Cattani, economista da consultoria. A Kapitalo Investimentos também cortou o crescimento esperado de 3,5% para 3% após a frustração com os resultados da indústria, do comércio e do mercado de trabalho no começo deste ano.

Na expectativa da divulgação de um PIB mais fraco do que o previsto para o 1.º trimestre, o Santander já admite a possibilidade de cortar a projeção de 3,2% para o ano se o PIB dos três primeiros meses ficar perto de 0,5%. O próprio banco projeta uma alta de 0,6% no trimestre.

Mais pessimista, o Bradesco reviu a estimativa para o primeiro trimestre de 0,5% para 0,3%. Para o ano, permanece em 2,8%, com viés de baixa. Na semana passada, o economista-chefe do banco, Fernando Honorato, afirmou que considera reduzir a projeção para 2018 dependendo dos novos indicadores. O Itaú também admite viés de baixa para sua projeção de 3%.

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, diz que não pretende revisar a projeção de crescimento do PIB neste ano, atualmente em 3%. “Mas se entendermos necessária uma revisão, a faremos. Não tem nenhum problema nisso.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.