Os efeitos da crise mundial que está afetando os mercados econômicos ainda não podem ser mensurados quando o assunto é produção de alimentos. Alguns especialistas apostam que a se a crise se estender, a tendência é de que os preços dos produtos podem até cair.
Além disso, o dólar elevado poderá compensar os preços em real. No entanto, para o Brasil, a cobrança é para uma posição firme do governo, tanto na revisão dos preços mínimos como na liberação de recursos.
“Precisamos de uma regra clara do governo, pois se tivermos uma safra cara isso poderá resultar em prejuízos para 2009, como a alta da inflação”, afirmou o presidente do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) – órgão técnico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo -, e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
Segundo ele, a demanda mundial por alimentos continuará crescendo, e o Brasil tem potencial para atender essa necessidade. Assim como para atender a demanda energia, que até 2030 deverá crescer 58% em todo o mundo.
“O Brasil tem 46% da sua matriz energética em fontes renováveis. Além disso, temos o domínio de informações e tecnologias, que podem resultar em emprego e renda. Mas antes é preciso quebrar mitos, pois a cana não compete com os alimentos, e não estamos deixando de plantar alimentos, já que a cana ocupa apenas 5% do total plantado no País”, ponderou. Rodrigues esteve em Curitiba participando do 15.º Congresso Internacional do Trigo, que se encerra hoje.
Para o presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), Luiz Martins é difícil fazer projeções sobre a crise mundial. No entanto, a escassez de crédito vem dificultando os moinhos, que precisam importar para atender a demanda.
No cenário internacional, a produção mundial de trigo e soja terá crescimento expressivo. De acordo com o representante do The Money Farm (USA), Mike Krueger a previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para a safra de 2008/2009 é de que o trigo atingirá 70 milhões de toneladas, 11,4% a mais, e a soja, em 8,5%, o que corresponde a 19 milhões de toneladas.