Incertezas derrubam financiamento automotivo

São Paulo

  – As incertezas pré-eleitorais e o aumento dos juros afugentaram o consumidor dos financiamentos de veículos. A participação da venda financiada no total comercializado caiu de 70% no início do ano para pouco mais de 50% nos últimos meses. Diante desse quadro, os recursos oferecidos pelos bancos das montadoras tiveram redução de 21% no acumulado até novembro. O índice superou a queda nas vendas de veículos no período, em torno de 7%.

Segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), foram liberados R$ 6,4 bilhões de janeiro a novembro, ante quase R$ 8 bilhões financiados no mesmo período de 2001. Com isso, a expectativa para o ano 2002, que era de um montante de recursos de R$ 9,5 bilhões, caiu para R$ 7,1 bilhões valor 20% menor que os R$ 8,9 bilhões financiados no ano passado.

Para o diretor-executivo da Anef, José Romélio Ribeiro, dois fatores influenciaram negativamente os resultados deste ano: a mudança nos fundos de investimento em maio, que levou ao aumento da compra de ativos reais, como veículos, e as incertezas pré-eleitorais, que afetaram o humor do cliente. “O consumidor ficou preocupado com o futuro do País e pensou duas vezes antes de ingressar num financiamento de longo prazo”, afirmou.

O cenário levou também à queda do número de veículos financiados pelos bancos das montadoras. De janeiro a novembro, o total de carros adquiridos por meio das associadas da Anef diminuiu 23,5%, para 520 mil unidades, ante 680 mil veículos financiados nos 11 primeiros meses de 2001. Os bancos de montadoras prevêem que o volume de 2002 alcance 600 mil unidades financiadas, ante 682 mil contratos em 2001, uma redução de 12%.

O aumento dos juros básicos, que passaram de 18% ao ano em setembro e atingiram 25% ao ano em dezembro, também mexeu com os juros dos bancos de montadoras, que passaram de uma taxa média de 2,40% no início do ano para 2,95% atualmente. Os parcelamentos mais procurados continuaram sendo os de 24 e 36 meses e o valor médio financiado caiu ligeiramente, passando de R$ 13,1 mil, no início do ano, para pouco menos atualmente. “O consumidor preferiu dispor de uma entrada maior”, observou Ribeiro.

Perspectivas – A Anef tem perspectivas positivas para 2003. A entidade espera, pelo menos, manter o volume de veículos financiados este ano, em torno de 600 mil unidades. “Na pior das hipóteses, repetiremos os resultados e, na melhor, teremos um aumento entre 5% e 10%” , afirmou o diretor.

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