A turbulência política no Brasil em 2018 e as incertezas sobre as eleições presidenciais levaram o fluxo de investimentos diretos ao País sofrer uma queda de 12% no ano passado. Os dados estão sendo publicados nesta segunda-feira, 21, pela Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), às vésperas do Fórum Econômico Mundial de Davos, que reúne a elite financeira e empresarial do planeta.
O ranking dos principais destinos continuou sendo liderado pelos Estados Unidos, com US$ 226 bilhões, seguido por US$ 142 bilhões na China e US$ 122 bilhões no Reino Unido.
O Brasil atraiu US$ 59 bilhões, US$ 9 bilhões a menos que em 2017, uma queda de 12%. Com esse resultado, Holanda e Austrália superaram a economia brasileira, que terminou o ano na 9.ª posição. Em 2017, o Brasil ocupava a 7.ª colocação.
“A situação econômica desafiadora e as incertezas antes da eleição podem ter freado os investidores estrangeiros no Brasil”, indicou a Unctad, em um comunicado.
De acordo com a entidade, os investimentos globais caíram 19% em 2018, acumulando um total de US$ 1,18 trilhão. Em 2017, esse volume havia atingido US$ 1,47 trilhão. Com o terceiro ano de queda seguido, o patamar hoje é o menor desde a eclosão da crise econômica, em 2008.
Nos países ricos, a queda de investimentos foi de 40% e o volume atingindo foi o menor desde 2004. Os incentivos fiscais oferecidos pelo governo de Donald Trump levaram bilhões de dólares que seriam investidos por multinacionais pelo mundo a serem repatriados à sede dessas empresas, nos EUA. As estimativas é de que a repatriação levou de volta para a economia americana US$ 367 bilhões.
O resultado foi uma queda sem precedentes de 73% nos investimentos na Europa, que acumulou um fluxo positivo de apenas US$ 100 bilhões, o menor volume desde os anos 90. Na Suíça e na Irlanda, por exemplo, houve mais saída de recursos que entrada de novos investimentos. O fluxo também caiu nos EUA, com uma contração de 18%, mesmo com a economia americana ainda sendo o maior destino dos investimentos.
Emergentes
Uma história diferente foi registrada nos países emergentes, que tiveram um aumento de investimentos de 3% em 2018 e chegando a US$ 694 bilhões. Hoje, 58% do fluxo de investimentos globais tem como destino esses mercados. Cinco das dez economias que mais recebem recursos são emergentes.
Nem todos os emergentes, porém, tiveram um resultado positivo. Se na Ásia o fluxo cresceu em 5%, na América Latina a queda brasileira contribuiu para uma contração geral de 4% e acumulou um total de US$ 149 bilhões. Na Ásia, o volume foi mais de três vezes superior ao que recebeu a América Latina.
Para 2019, a previsão é de uma retomada dos fluxos de investimentos. A expectativa é de que o fluxo de dinheiro repatriado em 2018 pode perder sua força. Mas as incertezas sobre o crescimento da China, de outros emergentes e mesmo dos EUA representam um risco real.