Incerteza nos juros faz dia turbulento no mercado

O mercado financeiro teve, ontem, um dia turbulento. O dólar comercial teve alta de 1,21% em relação a anteontem (R$ 2,931 para venda). A Bolsa de Valores de São Paulo despencou 6,14%, voltando ao patamar de 22 mil pontos (22.386) e movimento financeiro de R$ 1,582 bilhão. O risco-Brasil, medido pelo banco JP Morgan com base no valor dos títulos da dívida, piorou sensivelmente, em forte alta de 9,72%, para 485 pontos básicos. O risco chegou a subir 18% no início da tarde.

Dois fatores influenciam o mercado. O primeiro é a ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), em que o BC explicou a decisão de manter os juros em 16,5% na semana passada. Pelo documento, o BC expressa o temor de que a recente alta da inflação pode não ser apenas transitória.

O segundo fator é o comunicado do Federal Reserve, o Banco Central americano. Anteontem, o Fed manteve a taxa básica dos juros americanos em 1%. Mas o Fed retirou a promessa escrita de manter a taxa básica por um longo período. Isso foi interpretado pelo mercado como um indicativo de que os juros americanos podem subir no curto prazo.

A forte correção dos ativos pode ser resumida como uma reversão de expectativas e de cenários. A sinalização do Federal Reserve de que pode elevar os juros da economia americana e o temor do Banco Central brasileiro de uma inflação mais persistente são dois dos fatores que trazem nervosismo aos investidores.

Uma alta dos juros nos Estados Unidos poderia gerar um movimento de migração de recursos de países emergentes para o mercado americano, considerado o mais seguro do mundo. Muito dinheiro foi destinado a países emergentes desde que os juros americanos chegaram a 1% ao ano. O Brasil, por exemplo, tem taxa de 16,50%.

Outro fator

A alta da moeda também é impulsionada pelo interesse das instituições financeiras credoras do País em receber mais reais do governo no momento do resgate integral de uma dívida cambial no valor de US$ 2,521 bilhões.

Como o resgate desta dívida será no próximo dia 2, parte do mercado já começa a pressionar a cotação do dólar. É que a média do dólar (ptax) de hoje será utilizada para remunerar os títulos que serão resgatados. Quanto mais elevada essa média, mais reais os credores vão receber do governo.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo