Pesquisa trimestral com 1.014 inadimplentes feita pela Boa Vista, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), aponta que 40% dos entrevistados entendem que sua situação pessoal no futuro estará melhor, queda de 12 pontos porcentuais ante os 52% que apontavam essa melhora no primeiro trimestre de 2014. Entre os que acham que a situação será pior houve uma alta de 17% para 22% do primeiro para o segundo trimestre de 2014.
“É a confirmação do movimento de queda da confiança do consumidor brasileiro com relação às finanças pessoais”, disse Fernando Cosenza, diretor de marketing da Boa Vista. “É uma redução da confiança, mas não do pessimismo, porque não vem acompanhada de desemprego em alta e queda na renda, por exemplo”, ressaltou.
Perguntados como está o endividamento se comparado com o ano passado, 36% dos entrevistados inadimplentes no segundo trimestre de 2014 responderam que houve aumento, ante 27% com a mesma avaliação no trimestre anterior. Já o índice dos que apontaram a diminuição da dívida em relação à percepção do ano passado caiu 37% para 27%. “Isso ratifica ainda mais a questão da falta de confiança”, disse o diretor da Boa Vista.
A pesquisa apontou que caiu de 38% para 35% a porcentagem dos entrevistados que pretende pagar à vista a dívida entre os períodos e subiu de 62% para 65% a intenção de parcelamento na dívida. É o maior porcentual dessa faixa desde setembro de 2012, o que, segundo Cosenza, “mostra o maior aperto no orçamento”.
O cenário mostra ainda alta na percepção do aumento do nível de endividamento, com 26% dos entrevistados se declarando muito endividados no segundo semestre de 2014, ante 22% do primeiro trimestre. Outros 38% se declaram pouco endividados e 36% moderadamente endividados no segundo trimestre.
A participação dos inadimplentes entrevistados no mercado formal de trabalho caiu de 77% para 67% entre o primeiro e o segundo trimestre. “Essa pode ser mais uma variável que compõe o cenário de aperto do orçamento”, afirmou Cosenza. “A não confirmação do crescimento econômico atinge as pessoas que têm renda do mercado informal, traz uma redução dessa renda, o aperto no orçamento e aumenta o desafio de pagamento das dívidas”.
Amadurecimento
Por outro lado, o levantamento apontou o que Cosenza classifica com o um “amadurecimento do consumidor” entre os trimestres, já que 77% dos que responderam declaram que a dívida que causou a restrição ao crédito é a única possuída pelo inadimplente, alta de 12 pontos porcentuais ante os 65% que declararam o mesmo no primeiro trimestre deste ano. “Há uma cautela do inadimplente com a gestão de suas contas e o orçamento, o que permite o equacionamento da questão de forma mais fácil”, afirmou. Entre os entrevistados, 90% esperam que nos próximos 12 meses a receita pessoal será maior que os gastos, ou seja, que a situação do orçamento será mais favorável à quitação dos débitos.
A pesquisa apontou ainda que subiu de 29% para a 33% os inadimplentes que citaram o desemprego como a causa da restrição e que o cartão de crédito (29%) e boletos e carnês (28%) foram os principais meios citados para a dívida deixar de ser paga. A dívida segue mais concentrada na classe C (com 54% dos entrevistados) e 30% do total dos ouvidos declaram um endividamento entre R$ 500 e R$ 2 mil.