Brasília (AE) – A inadimplência no País cresceu de maneira recorde em julho, segundo levantamento divulgado ontem pelo Serviço de Proteção ao Crédito Brasil (SPC Brasil). No mês passado, o volume de endividados alcançou números históricos, superando em 89,24% o resultado do mesmo período em 2005. Na comparação com junho de 2006, também houve aumento significativo, de 41,65%.

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O volume de endividados foi apurado por meio das inclusões, no banco de dados do SPC Brasil, de registros de CPFs de pessoas que não honraram suas dívidas. Entre janeiro e julho, o movimento de alta também foi verificado, com incremento de 34,73% sobre os primeiros sete meses do ano passado.

Na avaliação do SPC Brasil, a explicação para o alto índice de registros de inadimplência está em fatores como a expansão de parcelas de baixo valor para crediário, oferecida pelo varejo; inclusões de registros originadas nas empresas fornecedoras de infra-estrutura; e a ampliação do acesso ao crédito aos consumidores das classes ?D? e ?E?. ?Essa nova classe de compradores, ao buscar os prazos dilatados, arrisca-se à inadimplência. São consumidores com menos fôlego financeiro, mais susceptíveis ao desemprego e sem uma reserva, sem poupança? destacou, em comunicado à imprensa, o presidente da empresa, Araken de Carvalho Novaes.

De acordo com o SPC Brasil, parte dos registros verificados no sétimo mês deste ano pode ser resultado de descumprimento de pagamento sobre dívidas assumidas ainda no final de 2005, e não apenas no Dia das Mães, Dia dos Namorados ou durante a Copa do Mundo. ?As pessoas pagam as primeiras prestações e, lá na frente, por alguma eventualidade, se embaraçam?, reiterou Novaes, que citou também o crédito consignado como fator de impacto.

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Segundo a companhia de análise de crédito, a soma de todos esses elementos não está permitindo que as exclusões de registros do SPC Brasil acompanhem o ritmo necessário para manter um equilíbrio. O movimento de retiradas de registros da base de dados, em julho, foi apenas 19,81% superior ao mesmo mês de 2005, bem distante dos quase 90% de registros de inclusão realizados.

Na comparação com junho de 2006, houve queda de 23,40%, o que significou que ainda menos consumidores deixaram a condição de devedores.

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Quanto às consultas ao SPC, espécie de termômetro das vendas a prazo, o movimento entre julho de 2006 e o mesmo mês do ano passado apresentou crescimento de 5,02%. Na comparação com junho deste ano, o movimento foi negativo, com decréscimo de 0,97%.

Apesar dos números pouco animadores, o SPC Brasil se mostrou otimista para o restante do ano, principalmente com o Natal. A empresa destacou que reforça a percepção de que as campanhas de recuperação de crédito, promovidas pelas Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDLs) no País, podem ser um dos caminhos para direcionar o 13.º salário à quitação de dívidas e abertura de novas oportunidades de crédito.