A taxa total de inadimplência para o crédito com recursos livres chegou a 5,9% em julho, a maior desde o início da série do Banco Central (BC), em junho de 2000. Essa alta foi puxada pela inadimplência das empresas, que chegou a 3,8% no mês passado, a maior taxa desde maio de 2001. No caso das pessoas físicas, a inadimplência permaneceu em 8,6% em julho.
O BC considera como inadimplência o percentual em atraso acima de 90 dias. A expectativa do chefe do Departamento Econômico da instituição, Altamir Lopes, é que a inadimplência para as pessoas jurídicas (empresas) caia. Segundo ele, essa previsão se baseia no fato de os atrasos nos pagamentos inferiores a 90 dias terem ficado estáveis, acomodando-se. Em junho, esse percentual de atraso ficou estável em 2,3%.
Além disso, de acordo com Lopes, a inadimplência para as empresas está “muito localizada”, em basicamente duas modalidades: desconto de duplicatas (que passou de 7,7% para 8,5% de junho para julho) e conta-garantia (de 4,5% para 4,7%). “O que se espera é que, à medida que se regularizem essas linhas de crédito às empresas, tenha também mais regularidade no pagamento, reduzido a inadimplência”, disse Lopes.
No caso das pessoas físicas, a única modalidade que teve aumento da inadimplência foi o cheque especial, que passou de 10,5% em junho para 11,3% em julho. No caso do crédito pessoal, ficou estável em 5,4% e caiu para a compra de veículos (de 5,4% para 5,3%) e para a compra de outros bens (de 15,6% para 15,2%).
Segundo Lopes, o crescimento da inadimplência do cheque especial ocorre porque os clientes estão migrando dessa modalidade de financiamento mais cara para o crédito consignado. Entretanto, ele lembra que o crédito consignado é basicamente voltado para aposentados e trabalhadores do setor público. Os demais, avalia Lopes, têm menor acesso à modalidade de consignado em folha de pagamento e permanecem com mais dificuldades de quitar as contas, o que eleva a inadimplência.