Inadimplência é maior em regiões mais pobres, indica Banco Central

A tese de que, nos empréstimos, os pobres dão menos calote foi parcialmente derrubada. Estudo do Banco Central mostra que as regiões com menor renda, como o Norte do País, amargam as maiores taxas de inadimplência no crédito concedido pelos bancos. Já o Sudeste e o Sul, com maior renda, apresentam menor nível de calote. Gaúchos, catarinenses e paranaenses são os consumidores menos caloteiros.

Para o BC, há uma histórica “correlação inversa entre taxas mais elevadas (de inadimplência) e padrão de renda regional mais reduzido”. Em outras palavras: o calote cresce quanto mais pobre for a região. A avaliação foi feita no Relatório Regional do BC com base no Sistema de Informações de Crédito (SCR), banco de dados sobre empréstimos superiores a R$ 5 mil de pessoas físicas e jurídicas.

Em agosto do ano passado, os Estados do Norte lideravam o ranking de inadimplência e 5,38% dos empréstimos da região apresentavam atraso de mais de 90 dias. Somado, o calote dos moradores e empresas do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins é de R$ 2,4 bilhões.

No estudo, a autoridade monetária avalia que a inadimplência mais alta no Norte está associada, em parte, à redução da oferta de crédito na região a partir do início de 2008. Com menos empréstimos à disposição, consumidores que se endividaram nos meses anteriores passaram a ter dificuldade para rolar dívidas e cumprir compromissos. Entre as operações em que o calote mais cresceu, estão o crédito pessoal, leasing e financiamento para veículos.

Outra região com perfil semelhante é o Nordeste, cuja inadimplência é de 4,26%, a terceira maior do Brasil. “Historicamente, a inadimplência (do Nordeste) relativa aos contratos com pessoas físicas é mais elevada que a média do País”, cita o texto. Já o Centro-Oeste tem renda mais elevada, mas amarga a segunda posição no ranking, com inadimplência de 5,02%. Nesse caso, a causa tem relação com a agricultura. “A trajetória da inadimplência no Centro-Oeste reflete, em especial, a evolução da renda agrícola.” Na lanterna estão Sudeste (3,79%) e Sul (3,62%).