O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, acredita que a inadimplência deve começar a cair no curto prazo, em cerca de três meses. Segundo ele, a parcela das dívidas em atraso deverá cair com a continuidade da redução dos juros nos empréstimos e o aumento da oferta de crédito nos bancos, principalmente para as empresas de menor porte. “Os atrasos entre 15 e 90 dias já começaram a cair. Isso mostra a retomada do crédito e cria a expectativa de que a inadimplência deve apresentar estabilidade nos próximos meses”, disse Altamir.

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Ele acredita que a redução das taxas de juros que é observada desde o início do ano vai permitir que mais pessoas físicas e empresas tomem crédito. Ao mesmo tempo, com o restabelecimento das condições do mercado, grandes companhias têm conseguido captar recursos no exterior com a emissão de títulos e ações. Isso deve abrir espaço para que os bancos, que estavam financiando essas companhias, voltem a emprestar cada vez mais para as empresas de menor porte.

Crédito livre

O total da carteira de crédito livre cresceu 0,2% nos 12 primeiros dias úteis de julho, período que vai até o dia 16, em relação ao fechamento do mês de junho. A informação foi dada hoje por Altamir Lopes. Essa expansão foi liderada pelos financiamentos às pessoas físicas, que apresentaram crescimento de 0,8%. Nas operações para empresas, o saldo dos financiamentos teve contração de 0,2%. Sem o efeito da variação cambial, as operações para as empresas teriam subido 0,2%.

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No mesmo período, o juro médio praticado no crédito livre caiu de 36,7% para 36,2%. Nas operações para pessoas físicas, a taxa manteve-se estável em 45,6% e, para pessoa jurídica, cedeu de 27,5% para 26,8%. Já o spread bancário médio, que é a diferença entre o custo de captação e o juro do empréstimo, cedeu de 27,2 pontos porcentuais para 26,9 pontos porcentuais. Nas operações para pessoas físicas, o spread seguiu estável em 38,7 pontos porcentuais e nas transações para empresas, o spread caiu de 18,3 pontos porcentuais para 17,7 pontos porcentuais.

Crédito imobiliário

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O estoque de operações de crédito para o setor habitacional cresceu 3,5% em junho na comparação com maio. O total de financiamento atingiu R$ 74,067 bilhões, conforme dados divulgados hoje pelo Banco Central. Esse desempenho foi superior à média de todas as operações do sistema financeiro, que cresceram 1,3% nessa mesma base de comparação. Entre os demais segmentos que tomam crédito nos bancos, o estoque das operações para a indústria cresceu também 1,3% e, para pessoa física, subiu 1,4%.

Bancos públicos

Bancos públicos continuam ganhando espaço no mercado de crédito. Em linha com a política determinada pelo governo federal de aumento dos empréstimos para reduzir os efeitos da crise financeira, a participação dessas instituições atingiu 38,6% em junho, ante 34,5% em igual mês do ano passado. O dado foi divulgado pelo chefe do Departamento Econômico do BC.

Esse aumento da participação gerou queda da fatia das instituições privadas. Em junho de 2009, os bancos privados nacionais tinham 41,6% dos empréstimos e os estrangeiros respondiam por 19,8% do mercado. Em igual mês do ano passado, essas participações respondiam, respectivamente, por 44,1% e 21,4% das operações.