A taxa de inadimplência em operações de crédito livre do sistema financeiro cresceu pelo quarto mês consecutivo em março, segundo dados apresentados hoje pelo Banco Central. No mês passado, o porcentual dos empréstimos com atraso superior a 90 dias atingiu 5%, ante a taxa de 4,8% verificada em fevereiro. Em março de 2008, a inadimplência estava em 4,1%. Com a elevação da inadimplência em março, a taxa atingiu o patamar mais elevado desde novembro de 2006, quando estava em 5,1%.
O aumento da inadimplência foi liderado pelos empréstimos destinados a empresas, cujo porcentual aumentou de 2,3% para 2,6%. Nas operações de crédito destinadas a pessoas físicas, a trajetória foi contrária e os atrasos diminuíram de 8,4% para 8,3%.
Juros e spread
A taxa de juros média das operações de crédito com recursos livres recuou 2,1 pontos porcentuais em março ante fevereiro, atingindo 39,2% ao ano. Essa taxa já é inferior à verificada em setembro de 2008, mês que marcou o agravamento crise internacional. Na ocasião, a taxa de juros média ficou em 40,4% ao ano.
O spread bancário também recuou, mas em menor ritmo: 1,2 ponto porcentual para 28,5 pontos porcentuais ao ano em março. Spread é a diferença entre o custo pago pelo banco para captar recursos e o juro que ele cobra dos clientes. O spread ainda está mais alto do que o verificado em setembro do ano passado, quando ficou em 26,4 pontos, e também ligeiramente superior a outubro, pior mês da crise, quando ficou em 28,3 pontos.
Em termos de taxa de juros, as operações de pessoa física registraram taxa média de 50,1% ao ano em março, ante 52,6% em fevereiro. O indicador também ficou abaixo do verificado em setembro. No segmento pessoa jurídica, a queda foi de dois pontos porcentuais, para 28,9% ao ano. Em setembro, a taxa estava em 28,3% ao ano.
No spread bancário, a diferença para a pessoa física recuou de 41,4 pontos porcentuais para 39,7 pontos, ainda acima da diferença verificada em setembro. Para pessoa jurídica, o recuo foi de 1 ponto porcentual, para 18 pontos porcentuais ao ano. Essa diferença segue significativamente acima do spread verificado em setembro, quando estava em 14,7 pontos porcentuais.
Total de crédito
O prazo médio das operações de crédito no País subiu de 369 dias para 372 dias. O prazo para pessoa jurídica recuou de 290 para 287 dias e, para pessoa física, subiu de 479 dias para 489 dias.
O estoque de crédito do sistema financeiro cresceu 1% em março ante fevereiro, atingindo R$ 1,241 trilhão, de acordo com os dados do Banco Central. O saldo de operações com recursos livres no mês cresceu 0,9% em março, enquanto os empréstimos com recursos direcionados tiveram expansão de 1,2%. No acumulado dos últimos 12 meses, o saldo de crédito cresceu 25%. O crédito com recursos direcionados nesse período aumentou 27,5% e, com recursos livres, 23,9%. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o crédito subiu de 41,8% em fevereiro para 42,5% em março.
Novos empréstimos
As concessões de novos empréstimos com recursos livres em março cresceram 26,1%, na comparação com fevereiro, totalizando R$ 155,732 bilhões. As concessões para pessoas jurídicas evoluíram 28,8% e as para pessoas físicas, aumento de 21,5%. Março teve três dias úteis a mais do que fevereiro. Nos últimos 12 meses, as concessões acumuladas cresceram 4,8%, com o segmento pessoa jurídica registrando expansão de 3,4% e o pessoa física, 7,5%.
Base monetária
A base monetária recuou 2,7% em março, ante fevereiro, pelo conceito de médias dos saldos dos dias úteis. No total, a base monetária somou R$ 132,168 bilhões. O estoque de papel moeda emitido foi de R$ 101,098 bilhões, queda de 3,1% no mês, e as reservas bancárias somaram R$ 31,070 bilhões, com queda de 1,5% em março. Nos últimos 12 meses, a base monetária teve crescimento de 1% pelo critério de médias diárias. Considerando os saldos em final de período, a base monetária teve contração de 0,9% em março, ante fevereiro, totalizando R$ 135,056 bilhões.
