Foto: Arquivo/O Estado |
Usina de cana em funcionamento: 19 vão entrar em operação. |
Os impostos cobrados sobre a produção e comercialização do álcool são bem menores que a carga tributária cobrada na gasolina, e o governo ?não teria condições, a curto prazo, de abrir mão dessas receitas?, disse José Nilton de Sousa Vieira, do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Ele afirmou que a entrada em operação de 14 novas usinas neste ano, e a expectativa de mais 19 começarem a funcionar no ano que vem, despertam no setor sucro-alcooleiro a preocupação de que a produção cresça mais que a demanda, com possibilidade de redução dos preços do produto. Por isso os usineiros discutem fórmulas para estimular o consumo e uma delas seria a desoneração fiscal.
No entanto, a área econômica do governo já sinalizou que a redução de imposto está fora de cogitação, pelo menos por enquanto. Os produtores terão que buscar alternativas, entre elas a negociação do índice de álcool anidro na gasolina, dos atuais 23% para 25% na mistura, como era até o início deste ano.
Especialista em agroenergia, Sousa Vieira destacou que os empresários do setor trabalham com ?grau considerável de incertezas?, por causa da variação de preços do açúcar no mercado internacional e da necessidade de garantir o abastecimento de álcool no mercado doméstico. Exemplo disso aconteceu com a cotação internacional do açúcar, que passou de US$ 150, há quatro anos, para US$ 400 por tonelada, em maio deste ano.
Como resultado desse movimento, os usineiros deram mais atenção à produção de açúcar no ano passado, o que provocou redução nos estoques de álcool e gerou escalada de preços do produto para o consumidor, na virada de 2005 para 2006, com o governo se vendo obrigado a reduzir o nível de mistura para 20%, de forma a conter a inflação do produto nos postos de combustíveis.
Além da maior demanda por açúcar, com desequilíbrio na oferta de álcool, Sousa Vieira lembrou que alguns países já iniciaram estudos para misturar álcool à gasolina, como faz o Brasil, e um dos mais avançados nesse objetivo são os Estados Unidos, que importaram 1,3 bilhão de litros de álcool brasileiro neste ano, apesar da sobretaxa de US$ 14 centavos por litro.
Segundo o assessor ministerial, a produção mundial de álcool não chega hoje a 3% do consumo de gasolina, em torno de 1,4 trilhão de litros/ano, e ele acredita que ?devido a essa ordem de grandeza, produzir e exportar álcool pode ser grande negócio para o Brasil?. O grande desafio seria explorar o potencial desse mercado, respeitando o equilíbrio da produção de alimentos.
Gastos com combustíveis caem à metade
Rio (AE) – As despesas do país com a compra de petróleo, derivados e gás natural caíram pela metade nos primeiros nove meses do ano, apesar da alta dos preços do produto no mercado internacional, segundo dados consolidados pela Agência Nacional do Petróleo, gás natural e biocombustíveis (ANP). Segundo a ANP, o país gastou US$ 1,22 bilhão a mais entre exportação e importação desses produtos, ante os US$ 2,618 bilhões acumulados nos nove primeiros meses de 2005. Ao todo, o comércio exterior com esse grupo totalizou US$ 22 bilhões em nove meses, sendo US$ 10,353 bilhões em exportações e US$ 11,57 bilhões em importações.
A melhoria nas contas do grupo petróleo reflete o aumento da produção interna nos últimos meses, com boa parte da produção sendo direcionada ao mercado internacional. Segundo a ANP, nos primeiros nove meses do ano o país exportou o equivalente a 100 milhões de barris de óleo bruto, no valor de US$ 5,1 bilhões. As importações no mesmo período somaram 99,1 milhões de barris, no valor de US$ 7,0 bilhões e o déficit financeiro, de US$ 1,9 bilhão, resultou basicamente da diferença de preços entre o produto nacional e o importado. Enquanto o barril do óleo importado custou US$ 70,64, em média, o exportado foi vendido por US$ 50,79 por barril, com uma diferença de quase US$ 20 por barril.
No caso do gás natural, onde o país apenas importa, o peso tem sido crescente, conforme os dados da ANP. Em nove meses, esses gastos somaram US$ 1,13 bilhão, já superando o valor total contabilizado em 2005, que ficou em US$ 1,044 bilhão. Em setembro, isoladamente, as compras do gás natural da Bolívia somaram US$ 147,293 milhões, com aumento de 51,3% ante igual período de 2005.