Não é apenas o México que se preocupa com a possibilidade de que o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realize uma reforma em seus impostos de importação. A Casa Branca em princípio endossou a proposta de republicanos da Câmara dos Representantes de taxar importações de bens em 20%, enquanto isenta as exportações, uma ideia conhecida como “imposto de ajuste de fronteira”.

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Até agora, o México tem sido apontado como o principal potencial perdedor. Caso seja implementada, porém, a nova taxa pode gerar um impacto muito negativo em nações asiáticas, que exportam bilhões de dólares em produtos para os EUA a cada ano.

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Caso os EUA imponham um imposto de importação de 20%, isso poderia reduzir as exportações de mercadorias asiáticas entre 3% e 4%, reduzindo o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da região em cerca de 0,5 ponto porcentual, estimam analistas do Credit Suisse. O banco aponta Vietnã, Taiwan, Coreia do Sul e Malásia como os mais vulneráveis, dizendo que eles podem ter um impacto de 0,9 ponto porcentual em seu crescimento econômico.

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Claro, o impacto de qualquer alta nos preços das importações para os EUA poderia ser contrabalançado por uma valorização do dólar. Isso poderia ajudar os consumidores americanos, que poderiam bancar produtos importados mais caros. Uma alta do dólar pode anular os efeitos pretendidos da política, de trazer mais empregos da indústria de volta para os EUA.

Se o dólar avançar fortemente no curto prazo, porém, isso tenderia a gerar problemas nos mercados financeiros e cambiais asiáticos, diz o Credit Suisse. Um dólar mais forte tornaria mais caro para os países emergentes honrar suas dívidas denominadas em dólares. Por exemplo, uma valorização de 15% do dólar acrescentaria 20,6 pontos porcentuais à relação entre dívida e PIB somada de governo e empresas da China, que já está acima de 200%, segundo analistas da Manulife Asset Management. Caso a valorização da moeda dos EUA fosse de 25%, isso elevaria essa relação em 34,4 pontos porcentuais. A Coreia do Sul seria o segundo mais afetado nessa relação entre dívida e PIB, enquanto a Turquia teria a maior alta nessa relação, na avaliação da Manulife.

Não está ainda claro que tipo de mudanças tributárias podem ser aprovadas, nem se países específicos podem ser alvo ou mesmo se pode haver contestação legal na Organização Mundial de Comércio (OMC). Mas o imposto deve penalizar o consumidor americano no curto prazo e pode gerar uma crise da dívida em mercados emergentes que atrapalhe qualquer chance de recuperação global, disse Megan Greene, economista-chefe da Manulife. Com os bancos centrais já tendo usado boa parte de seu arsenal, a economista diz que “é difícil pensar em um cenário mais assustador”. Fonte: Dow Jones Newswires.