A participação de produtos importados na economia segue em alta e, no terceiro trimestre deste ano, eles já representam 19% do consumo aparente do Brasil. A taxa é maior que a observada no segundo trimestre do ano, de 18,1%. Em contrapartida, as exportações vêm perdendo terreno e passaram a representar 21,3% do consumo aparente do País no terceiro trimestre, ante 22,9% no período de abril a junho. Os dados, apresentados hoje pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), refletem o aquecimento do consumo doméstico e a valorização cambial, que amplia a competitividade dos produtos vindos de fora.
Os coeficientes de importação e exportação representam a participação desses produtos sobre o chamado consumo aparente, que é o total da produção da indústria, menos as exportações e mais as importações. Na opinião do diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, a tendência é de que a ampliação da presença dos importados continue crescendo e que, em pouco tempo, o coeficiente das importações supere o das exportações.
“A tendência generalizada é do aumento do coeficiente das importações, o que já vem sendo observado desde 2003”, afirma Giannetti. Em 2008, as importações representavam 20,9% do consumo aparente, ante 13,3% em 2003. As exportações também ampliaram sua fatia, mas em menor proporção, saindo de 20% em 2003 para 22,1% em 2008.
O fortalecimento da presença dos importados no Brasil, que vem se acelerando no período pós-crise, levou a Fiesp a prever uma queda expressiva no saldo da balança comercial neste ano. Segundo Giannetti, para algo entre US$ 5 bilhões e 10 bilhões. Neste ano, até a segunda semana de novembro, o superávit comercial acumulado já atinge US$ 22,617 bilhões.
Exportações
A projeção da Fiesp considera que as exportações vão recuar no ano que vem de 5% a 10% em relação a 2009, enquanto as importações vão crescer de 15% a 20%. “Em 2011, se mantivermos esse ritmo, poderemos ter déficit comercial”, afirma. “Não seria o fim do mundo, mas certamente o País perderia oportunidade de crescimento ao reduzir seu superávit comercial”, diz Giannetti. Segundo ele, é possível dizer que, a cada US$ 1 bilhão exportado, o País gera entre 50 mil e 60 mil empregos.