Diante da necessidade de recorrer às termelétricas para gerar energia elétrica, as importações de gás natural devem aumentar pelo segundo ano consecutivo, afirmou nesta terça-feira, 13, José Cesário Cecchi, superintendente de Comercialização e Movimentação de Petróleo, seus derivados e Gás Natural da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “A situação hidrológica não melhorou do ano passado para este ano. Pelo contrário, piorou. Então, a exigência do Operador Nacional do Sistema (ONS) com relação às termelétricas tende a aumentar”, disse.
No ano passado, as importações de gás natural atingiram a marca histórica de 47,07 milhões de metros cúbicos por dia, de 36,04 milhões em 2012. Segundo Cecchi, a cifra de 2014 deve ser ainda maior, mesmo com a oferta doméstica de gás atingindo recordes mês a mês.
No caso das térmicas biocombustíveis, o gás natural pode ser substituído por outro insumo, como o diesel, mas ainda assim com necessidade de importação. “A Petrobras faz a conta do que é mais econômico para ela. Mas a tendência geral é aumentar (a importação) em função da condição pior de geração do parque de energia elétrica”, disse o superintendente.
Hoje, o gás natural é importado a preços entre US$ 23 e US$ 24 por milhão de BTU, o que dá vantagem ao diesel, afirmou Cecchi. Mesmo assim, ele ressaltou que nem todas as térmicas têm a flexibilidade de queimar dois tipos de combustíveis. “Essas têm de importar o GNL a que preço for”, acrescentou.
“É um efeito dominó complicado. O governo faz com que a Petrobras pratique um preço de diesel e de gasolina no mercado interno bem menor do que no mercado internacional, e a empresa é importadora. No momento que não tem nenhuma restrição no consumo, cada vez as pessoas consomem mais, e se faz necessário aumentar a importação. E isso começa a refletir na balança comercial”, definiu Cecchi.
Política de preços
Em relação à política de preços de diesel e gasolina, o superintendente da ANP defendeu a posição da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, durante a apresentação dos resultados da estatal na última segunda-feira, 12.
“A postura da Petrobras está correta, tem de exigir um alinhamento dos preços ao mercado internacional. Caso contrário, ela vai ter prejuízo”, disse Cecchi.