Os credores da Varig que se abstiveram de votar o plano de recuperação da companhia na assembléia de anteontem, devem adiar o questionamento sobre o assunto até a reunião prevista para hoje com o juiz da Corte de Nova York, Robert Drain. O juiz deve analisar a evolução do plano de recuperação da companhia para decidir se mantém a liminar que impede o arresto de 40 aviões.
Anteontem, o presidente da Varig, Marcelo Bottini, disse que a companhia pagaria US$ 20 milhões para as empresas de leasing. A dívida, entretanto, que tem de ser paga até amanhã, é de US$ 44 milhões.
Entre os credores que não votaram o plano está o Sindicato Nacional dos Aeronautas. O plano de recuperação foi aprovado com o apoio da associação TGV (Trabalhadores do Grupo Varig). No entanto, o sindicato conseguiu uma liminar destituindo a TGV da comissão de credores trabalhistas. ?O voto da TGV, dentro da comissão de credores, será anulado?, disse o advogado dos sindicatos, Álvaro Quintão.
Além do voto da TGV, a realização da própria assembléia de segunda-feira pode ser questionada na Justiça. É que o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), o ministro Edson Vidigal, manteve a liminar concedida ainda no domingo que suspendia a assembléia de segunda-feira. Mesmo assim, a Deloitte – administradora judicial da Varig – abriu a assembléia, que resultou na aprovação do plano de recuperação e na rejeição da proposta de venda do controle da holding FRB-Participações para o Grupo Docas, do empresário Nelson Tanure.
O STJ informou que só pode anular os efeitos da assembléia de segunda-feira se alguma das partes interessadas questionar sua realização. Esse questionamento pode ser feito em outra instância jurídica. Por outro lado, nada impede que num eventual questionamento o STJ reformule a liminar de anteontem e mantenha a assembléia.
Integrantes do conselho curador da Fundação Ruben Berta – que detém 87% do capital votante da Varig – disseram que não farão nada até a reunião com o juiz de Nova York. Segundo eles, a fundação não quer que a disputa judicial travada no Brasil prejudique o entendimento da Varig com a Corte de Nova York.