Com rendimento maior, os títulos do governo norte-americano – considerados as aplicações financeiras mais seguras do mundo, com risco próximo de zero – atraem investimentos que, em tese, se sujeitariam a riscos maiores, como ações, dívidas públicas e privadas e o câmbio de moedas.
Na prática, o aumento dos juros nos EUA motiva uma completa realocação dos investimentos a partir de novas percepções de risco. Explicando: como o investimento de risco zero paga um juro maior, quem aceitava correr um pequeno risco para ter um rendimento um pouquinho melhor perde essa necessidade – pois pode ter o mesmo ganho sem risco algum.
O mesmo acontece para os investidores mais arrojados que se submetiam a um risco maior ainda para ganhar bem mais. Com o aumento dos juros pagos, esse investidor não precisa correr tamanho risco para ganhar a mesma coisa.
Por risco, entenda-se simplesmente a possibilidade remota, eventual – ou mesmo improvável – de não receber o dinheiro investido.
E assim sucessivamente, até chegar a riscos muito elevados de inadimplência, que exigem remunerações compatíveis para cobrir eventuais (e prováveis) quebras nos compromissos (ou seja: calote).
O mercado considera como de alto risco papéis de países emergentes – como o Brasil -, além de títulos de empresas em dificuldades financeiras.
É por isso que o aumento nos juros norte-americanos quase sempre coincidem com o retorno de dinheiro aos EUA, valorização internacional do dólar e melhor financiamento do déficit das contas externas americanas.
Esses movimentos são ainda acompanhados pela diminuição dos investimentos em países emergentes e pelo fim do dinheiro barato disponível para esses países.