Impacto do compulsório supera expectativa do BC

Durante o primeiro mês de vigência do novo depósito compulsório instituído em dezembro pelo governo, os bancos recolheram junto ao Banco Central (BC) um montante maior que o inicialmente previsto pela autoridade monetária. De acordo com dados do BC, o recolhimento dos bancos sobre depósitos a prazo e no compulsório adicional (cobrado de depósitos à vista, a prazo e da poupança) cresceu R$ 65,335 bilhões em dezembro ante novembro. O valor está 5,7% acima dos R$ 61 bilhões de recolhimento projetados pelo BC quando a medida foi anunciada. O cálculo sobre o impacto da medida considerou a base de cálculo de novembro.

Na prática, o compulsório representa a fatia dos depósitos dos clientes que os bancos são obrigados a deixar no BC. Ao aumentar o compulsório, o governo reduz a liquidez da economia, o que contribui para desacelerar a inflação. Ao baixar o compulsório, o governo injeta recursos no sistema.

Um fator que explica o movimento acima da expectativa é a sazonalidade do período, já que dezembro, mês em que as pessoas recebem a segunda parte do 13º salário, há uma tendência de aumento nos recolhimentos dos bancos. Além disso, o próprio crescimento econômico, com geração de emprego e incremento da renda, aumenta o volume de dinheiro nas contas bancárias. Isso, consequentemente, eleva também o recolhimento das instituições financeiras junto ao BC. Somando os primeiros dias de janeiro, o saldo de recolhimento extra nas categorias atingidas pela medida do BC já chega a R$ 66,3 bilhões ante novembro, elevando a diferença sobre o previsto a 8,6%.

Em 3 de dezembro, o Banco Central anunciou a elevação de 15% para 20% no compulsório sobre depósitos a prazo – como os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e de 8% para 12% no recolhimento adicional cobrado de depósitos à vista e a prazo.

Juros

Analistas do mercado e do próprio governo estimavam que essa elevação do compulsório, junto com a restrição ao crédito, teria um impacto equivalente a um aumento de 0,5 a 1 ponto porcentual de Selic (a taxa básica de juros da economia). Isso permitiu ao BC postergar o início do processo de alta dos juros. Considerando-se todos os recolhimentos compulsórios junto ao BC, o crescimento dos depósitos das instituições financeiras foi de R$ 81,7 bilhões em dezembro ante novembro.

Desse total, R$ 14,5 bilhões foram decorrentes de aumento no recolhimento sobre depósitos à vista e R$ 1,9 bilhão, de alta no recolhimento sobre poupança. O restante se refere às modalidades atingidas pelas medidas restritivas da autoridade monetária anunciadas em dezembro. Mesmo quando se desconta o efeito da iniciativa do BC, os números mostram que houve no mês passado um aumento forte nos recolhimentos dos bancos.

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