O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou em discurso na noite desta segunda-feira, 14, que os custos de curto prazo da reforma da Previdência têm sido enfatizados, enquanto os benefícios de longo prazo das medidas para melhorar a trajetória da dívida pública têm sido desprezados.

continua após a publicidade

“Evidências empíricas são deixadas de lado, inclusive com argumentos de que não há déficit”, disse ele, ressaltando, sem citar nomes, uma tese que tem sido veiculada na internet a partir de um estudo da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), que sustenta que as contas das aposentadorias, pensões e assistências sociais e saúde poderiam ficar no azul caso fossem calculadas de forma diferente. O argumento tem sido rebatido pela equipe econômica em diversas ocasiões.

continua após a publicidade

“Do ponto de vista contábil, é sempre possível realocar receitas, mas do ponto de vista econômico, é inegável que uma situação em que as despesas crescem em ritmo mais acelerado do que o PIB é claramente insustentável”, afirmou Ilan. “É preciso estar atento aos dados para que haja mais racionalidade no debate.”

continua após a publicidade

No final do discurso, Ilan enfatizou que a continuidade dos ajustes e das reformas estruturais é de “grande importância” para o equilíbrio da economia, com consequências favoráveis para a desinflação, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da atividade econômica brasileira.

“É preciso ter sempre em mente que o objetivo final do nosso trabalho é melhorar as condições de vida das pessoas. Essa é a nossa importância para a sociedade e o objetivo do nosso trabalho diário”, concluiu o presidente do BC.

O dirigente ressaltou ainda que um formulador de políticas deve fazer o esforço de “confrontar ideias e diagnósticos com dados”. “Somente à luz dos fatos podemos identificar os problemas e avaliar as respostas. Aprender com os erros do passado, para não os cometer novamente, é fundamental.”