O Brasil não é o único emergente a enfrentar o mau humor dos investidores estrangeiros. Só em maio, eles retiraram US$ 12,3 bilhões (R$ 45,5 bilhões) em recursos aplicados nesses países. No mês anterior, foram US$ 300 milhões (R$ 1,1 bilhão). Segundo relatório divulgado nesta sexta-feira, 8, pelo Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo, com sede em Washington, os recentes episódios sugerem um comportamento de “manada” por parte dos investidores.

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Só no mês passado, eles retiraram US$ 6,3 bilhões (R$ 23,3 bilhões) de fundos alocados em países emergentes. Somando com o que foi retirado de aplicações em bolsa e em renda fixa, o montante dobra. Com isso, a alocação das carteiras globais em bônus de países emergentes caiu para pouco menos de 11,5%, menor nível do ano, ressalta o IIF.

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O Instituto observa que vários fatores estão contribuindo para a maior aversão ao risco dos emergentes pelos grandes investidores: riscos domésticos de cada mercado, tensões comerciais, elevação de juros nos países desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos, e o fortalecimento do dólar na economia mundial.

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Em momentos de maior estresse no mercado financeiro mundial, o IIF ressalta que os investidores aumentam a seletividade para alocar recursos e avaliam cada país individualmente. Mas nas últimas semanas esse movimento não vem ocorrendo e tanto os emergentes mais vulneráveis como os com fundamentos melhores estão perdendo recursos.

“O padrão dos fluxos nos fundos tem sido marcado por uma falta de seletividade”, ressalta o relatório. Este movimento é típico de comportamento de “manada”, quando os investidores passam a se guiar pelo comportamento dos demais e não pela avaliação dos fundamentos.

Correção

Em uma lista de 41 moedas acompanhadas pelo Broadcast, o real teve a terceira maior desvalorização no ano, atrás apenas das moedas da Turquia e da Argentina. Na quinta-feira, 7, o Banco Central da Turquia elevou sua taxa básica de juros de 16,5% para 17,75%, alertando ainda que pode optar por novas altas, caso precise voltar a agir para controlar a inflação.

O caso argentino é mais complexo. Os desequilíbrios nas contas públicas e a postura do governo de Mauricio Macri de manter uma correção apenas gradual dos problemas desagradaram investidores, levando o dólar a bater máxima histórica, a 25 pesos. No auge da crise, no início de maio, o BC elevou a taxa básica de juros a 40% e pediu socorro ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que, na quinta, anunciou a concessão de um empréstimo US$ 50 bilhões (R$ 185 bilhões). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.