Eles podem não ser tão populares e baratos quanto o feijão e o arroz, mas têm seu espaço garantido na mesa de muitos brasileiros. São produtos como aspargo, alcachofra, pimentão amarelo, vermelho, creme e roxo, champignon, entre outras variedades produzidas tanto no Paraná como no resto do País. Além da peculiaridade de serem alimentos um tanto quanto exóticos, eles dividem outros pontos em comum: são caros, consumidos principalmente pelas classes mais abastadas e seu cultivo constitui uma atividade bem lucrativa para quem trabalha no ramo.
Basta comparar: o quilo do arroz, alimento comumente presente nas nossas mesas, custa ao consumidor em torno de R$ 2,89, enquanto um maço de aspargo pode sair a R$ 17,67. No caso do pimentão, a variedade verde, a mais comum, sai a R$ 3,68 o quilo. A espécie creme, mais difícil de encontrar, pode custar R$ 9,98.
Para o produtor de aspargo Mauro Kuzman, de São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, trabalhar com o produto exige muita paciência. Ele explica que leva dois anos para que a primeira muda comece a produzir e que o agricultor tem que ficar sempre atento para a hora da colheita. “O aspargo não brota de uma vez só.
Geralmente, tem que ser colhido a cada dois dias. Se passar um pouco do ponto da colheita, ele já não vai servir para ser vendido. Além disso, por ser um produto delicado, tem que ter todo cuidado na hora do armazenamento”, explica. Apesar de todo o trabalho, Kuzman garante que o lucro acaba compensando o esforço. “Em que pese os dois anos de espera, o aspargo compensa porque é uma cultura permanente, ou seja, não precisa fazer o plantio todo o ano e as mudas podem produzir por até dez anos ou mais. Ele possui uma ótima comercialização e consigo um bom preço de venda”, garante.
Orgânicos ganham cada vez mais adeptos, a despeito do preço
O mercado de hortaliças e frutas orgânicas vem ganhando bastante espaço na preferência dos consumidores. Embora sejam mais caras se comparadas às de cultivo convencional, o fato de serem livres de produtos químicos, como agrotóxicos, atrai aqueles que preferem uma mesa livre dessas substâncias. De acordo com o técnico do Emater Renato da Silveira Krieck, o cultivo de alimentos orgânicos cresce em média 20% ao ano, participando de uma parcela significativa da agricultura paranaense. Vegetais como alface, cenoura, brócolis, rabanete, entre outros, estão se destacando na produção orgânica. “O interessante é que beneficia os dois lados. O produtor garante uma margem maior de lucro com menor custo para plantar, além de não lidar com produtos químicos, e o consumidor ganha um alimento mais saudável, 100% natural”, diz. Porém, para tornar uma propriedade produtora de orgânicos, adaptações devem ser feitas. “Não basta apenas parar de usar agrotóxicos. É preciso que a terra passe por uma desintoxicação, que pode chegar a um ano. Depois, h&aac,ute; a necessidade de preservar a mata ciliar e rios para, então, estar apto a ser um produtor orgânico”, explica.
O curitibano vai ganhar mais uma opção para comprar produtos orgânicos. Em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a prefeitura está construindo o primeiro mercado público de produtos orgânicos do Brasil. Ele vai funcionar anexo ao Mercado Municipal e os investimentos são de R$ 3,1 milhões. A inauguração está prevista para o final deste ano ou início de 2009. Serão 22 lojas e bancas que vão comercializar produtos com certificação de produção livre de agrotóxicos e com responsabilidade social. No local funcionará também duas cooperativas de agricultores orgânicos.
Plantas que valem mais que ouro
“O Paraná é o maior produtor de plantas medicinais, aromáticas e condimentares do País. Cultivamos cerca de 90% da produção brasileira e aqui no nosso Estado plantamos 60 espécies, com destaque para a camomila.” A afirmação é do engenheiro agrônomo e coordenador estadual da Emater no Paraná, Cirino Corrêa Júnior. No País, esse mercado movimenta mais de R$ 30 milhões, gera empregos e espera-se um crescimento de 7% neste ano.
A Região Metropolitana de Curitiba, o centro, oeste e noroeste do Estado são expoentes nessa atividade. Corrêa Júnior explica que trabalhar com essas plantas é uma atividade bem rentável e que as mesmas podem ser usadas tanto para fins medicinais como para temperar alimentos. No entanto, algumas características são exigidas do produtor. “É preciso muito conhecimento técnico e disponibilizar uma infra-estrutura, com unidade de beneficiamento, secador, triturador, picador, balança, uma vez que o produto sai direto do produtor para o consumidor.” O coordenador afirma que o custo do plantio é alto, entretanto, a margem bruta obtida pelo produtor compensa o investimento. “Por ser uma atividade de agricultura familiar, ela pode gerar um lucro alto para quem produz, que pode chegar a R$ 10 mil/mês. O preço do grama de algumas dessas plantas pode chegar a ser mais caro do que o grama do ouro, como é o caso do açafrão pistilo, utilizado para dar a cor amarela na paella”, diz.
Uma planta que vem obtendo destaque na produção paranaense é, segundo Corrêa Júnior, o ginseng brasileiro, utilizado principalmente no mercado de chás. “Exportamos 200 toneladas por ano para o Japão e outros países da Ásia. Temos 60 produtores cultivando esse produto na região de Querência do Norte, noroeste paranaense, e os resultados obtidos têm sido excepcionais”, avalia.