Foto: Arquivo/O Estado |
Commodities (entre elas a soja) tiveram maior valorização durante o ano. |
O Índice Geral de Preços -Mercado (IGP-M) de dezembro ficou em 0,32%, ante 0,75% em novembro, segundo divulgou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado ficou dentro do esperado por especialistas.
No acumulado de 2006, o IGP-M ficou em 3,83% e foi a terceira menor taxa anual da série histórica do índice apurada pela FGV. A menor taxa anual já verificada foi registrada no ano passado, quando o IGP-M acumulou alta de 1,21%. A segunda taxa anual menor havia sido apurada em 1998, quando o índice teve valorização de 1,78%.
O Índice de Preços por Atacado (IPA), que tem peso de 60% do IGP-M, registrou alta de 0,29% em dezembro, ante 1,02% em novembro. Dentro do IPA, em dezembro, os bens finais tiveram variação de -0,16% e os bens intermediários de +0,12%.
Ainda no IPA do IGP-M de dezembro, as matérias-primas brutas subiram 1,17%. O IPA agrícola aumentou 0,30% e o IPA industrial teve valorização de 0,29%. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem participação de 30% sobre o indicador geral, avançou 0,39% em dezembro, ante 0,27% em novembro. Já o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) teve expansão de 0,30% em dezembro em comparação com 0,23% em novembro. O INCC representa 10% do IGP-M.
Em 2006, o IPA registrou elevação acumulada de 4,40%; o IPC de 1,90% e o INCC de 5,04%.
O IGP-M é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência, e é utilizado para balizar os aumentos da energia elétrica e dos contratos de aluguéis.
Adequado
A taxa de 3,83% acumulada pelo IGP-M em 2006 foi considerada adequada ao atual cenário econômico brasileiro pelo coordenador de análises da FGV, Salomão Quadros. ?Fico mais à vontade com uma taxa de 3,83% do que com uma de 1,21%?, disse, comparando com o índice acumulado em 2005, o menor da série histórica iniciada em 1989.
O IGP-M deste ano foi o 3.º menor índice observado pela FGV, perdendo também para o acumulado de 1998, quando subiu 1,78%. ?Em 98 havia a âncora cambial, e com o fim do regime houve aceleração da inflação?, explicou. Em 1999, o IGP-M fechou com alta de 20,10%.
Quadros destacou que ao longo de 2006 houve três momentos em que o IGP-M apresentou repiques, causados por choques externos. O primeiro foi em janeiro, quando subiu 0,92%, basicamente por causa da disparada do preço da soja no mercado internacional.
O segundo foi registrado em junho (0,75%) com a alta dos preços dos metais não-ferrosos, e o terceiro em novembro (novamente 0 75%) com as commodities agrícolas. ?Atualmente, o que faz os IGPs se descolarem de outros índices é o choque de commodities?, afirmou.
Índice deve apresentar leve aceleração em 2007
São Paulo (AE) – O IGP-M de 2007 deve mostrar leve aceleração em relação a este ano, de acordo com a estimativa feita ontem pelo coordenador de análises econômicas da FGV, Salomão Quadros. Ele acredita que o índice encerre o próximo ano exibindo uma taxa de 4,00% ante variação de 3,83% vista em 2006.
Para chegar a esta projeção, Quadros partiu de premissas de que os preços no atacado (IPA) subirão 4,7% em 2007 e de que os índices de preços ao consumidor (IPC) e o de construção civil (INCC) terão alta de 3,0%. ?O IGP-M está mais para 4% e não para 4,3% como mostra a mediana da Focus ou mesmo 4,5%, como escuto de alguns analistas?, afirmou.
Segundo o coordenador, para que a taxa prevista pelos outros agentes econômicos seja confirmada, o IPA teria de ficar acima de 5% no ano que vem. ?Não vejo nada no front que sugira isso: temos visto queda do preço do petróleo e a China deve se manter como uma potência, mas não provocar acréscimo de demanda?, argumentou. Além disso, ele acrescentou que as projeções para as safras do próximo ano são positivas, com expectativa de crescimento da oferta.
O economista da FGV disse que a sua previsão conta com a convergência do índice de preços por atacado com os do consumidor. Ele lembrou que em 2006, enquanto os IPCs estão desacelerando, os IGPs vêm subindo e que este movimento deve continuar em 2007. ?Boa parte da convergência entre os IGPs e o IPCA deve ser atribuída ao câmbio. Agora que o câmbio está praticamente neutro, um peso morto, os índices ficam mais ligados e a expectativa é de que no próximo ano eles se reaproximem?, afirmou.
Para Quadros, a alta de 3,83% vista este ano é uma volta da inflação à normalidade e não um descontrole. ?Aritmeticamente, a inflação de 2006 foi o triplo da de 2005 (1,21%), mas esta não é a avaliação mais correta. Além disso, a taxa atual não preocupa o Banco Central?, disse. Segundo ele, os preços devem continuar a subir entre 3,5% e 4,0% em média por ano porque a economia brasileira ainda tem indexações.
Especificamente para o primeiro mês do ano, Quadros não soube fazer uma previsão mais exata, ainda que tenha afirmado que dificilmente o resultado de janeiro repetirá o índice observado no mesmo mês deste ano, de 0,92%. ?A taxa deve ficar um pouco acima da vista em dezembro (0,32%) por causa do impacto das mensalidades escolares no IPC-M, mas como Alimentação tem mostrado desaceleração e este é um grupo muito volátil, é difícil fazer uma previsão mais exata?, comentou.
O coordenador destacou ainda que o impacto de alta dos Transportes vista este mês já não será verificada em janeiro porque a pressão do aumento dos preços das tarifas dos transportes públicos no Rio e em São Paulo ficou restrita a dezembro.