A forte aceleração na taxa do Índice Nacional de Custos da Construção (de 0,47% para 1,71%) foi a principal causa para a taxa maior de inflação na segunda prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) – que subiu 0,26% em junho, ante queda de 0,03% em igual prévia em maio. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. De acordo com ele, cerca de dois terços do resultado da segunda prévia do IGP-M de junho foram originados da disparada nos preços da construção civil, no período.
"O impacto do INCC foi muito grande", disse Quadros, explicando que, em termos de influência, na composição da segunda prévia do IGP-M de junho, o indicador da construção civil superou o Índice de Preços por Atacado (IPA) e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Esses dois indicadores, que representam respectivamente 60% e 30% do total da taxa do IGP-M (sendo que o INCC representa 10% da taxa do índice), têm maior peso na formação do IGP-M e, por conseqüência, acabam impactando de forma mais expressiva o resultado total do índice, normalmente.
Esse fato pouco comum, da maior influência do INCC na composição do IGP-M, costuma ocorrer sempre na metade do ano. O economista lembrou que, essa época do ano, é de reajustes nos preços de mão-de-obra, com a resolução de dissídios salariais, que ocorrem normalmente em maio e em junho, na construção civil. Isso puxa para cima a taxa do indicador da construção e, por conseqüência, do IGP-M.
No período da segunda prévia do índice de junho, foram detectados reajustes nos preços de mão-de-obra em cinco capitais: Fortaleza, Distrito Federal, Goiânia; Florianópolis e São Paulo, essa última a de maior peso no cálculo do INCC. Devido a esse cenário, a taxa de elevação nos preços de mão-de-obra na construção civil passou de 0,34% para 2,95%, da segunda prévia de maio para igual prévia em junho.