O coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, reiterou hoje que a baixa taxa de 0,05% do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) confirmou a tendência esperada por ele de que o mais provável é o indicador caminhar para uma deflação acumulada em 2009. Se a previsão de Quadros for confirmada, será a primeira vez que o índice de inflação criado em 1989 encerrará um ano em declínio.
“São grandes as chances de termos, não só pela primeira vez na história um IGP-M em deflação, como também o próprio IGP-DI, que tem 65 anos, negativo”, afirmou, referindo-se também ao indicador mais antigo da instituição, que tem período de coleta diferente do IGP-M, mas composição idêntica.
De acordo com ele, apesar da expectativa natural de que as taxas do IGP-M de novembro e dezembro sejam um pouco mais altas que a de 0,05% de outubro, dificilmente, os resultados mensais serão capazes de puxar a taxa acumulada de 2009 (até outubro de -1,57%) para o terreno positivo. Quadros destacou que, além deste detalhe, no acumulado de 12 meses, o cenário é cada vez mais animador, já que o indicador acumulou deflação de 1,31%, a menor da série histórica nesta base de comparação.
O coordenador lembrou que a taxa de 12 meses em novembro de 2009 expurgará do cálculo a variação de 0,38% registrada pelo IGP-M de novembro do ano passado. Já que a tendência, segundo ele, é uma taxa positiva, mas em um nível baixo para o próximo mês, o resultado acumulado negativo tende a mudar pouco.
Para dezembro, que definirá a taxa acumulada do ano, a história poderá ser um pouco diferente, já que, neste mesmo mês do ano passado, houve uma deflação de 0,13%. Quadros, porém, afirmou que, mesmo com uma taxa de alta esperada para o último mês de 2009, não há risco de o IGP-M deixar de apresentar pela primeira vez em sua história um resultado acumulado negativo.