O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de janeiro pode ter a terceira deflação consecutiva, estima André Braz, economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Contudo, pondera que a queda pode ser menos intensa que a de 1,08% registrada em dezembro ante -0,49% em novembro.
“Deve perder força, em meio a um cenário de economia mais aquecida. Deve ser uma normalização dos preços, nada que gere grandes preocupações”, avalia Braz.
Como o impacto da alta do dólar ocorrida no meio do ano por causa da disputa eleitoral está sendo devolvida, como retrata o IGP-M mensal, a tendência é que a deflação diminua a intensidade. “Como a taxa de câmbio não está mudando tanto, deve ocorrer uma mudança gradual para o campo das altas. Talvez em fevereiro, a taxa do IGP-M volte a ficar positiva”, estima.
O desempenho do grupo Alimentação é o principal risco de aceleração dos preços em 2019, conforme Braz. De acordo com ele, a possibilidade de ocorrência do fenômeno La Niña pode atrapalhar a expectativa de uma boa safra no ano que vem.
“A agricultura foi a âncora verde da inflação desde 2017, quando o grupo de alimentos teve deflação e encerrou este ano em 4,45% (IPC-M). Ou seja, Alimentação vem se destacando. Agora, se essa questão climática do La Niña incomodar a safra, a depender de como será a distribuição das chuvas, será um problema. É onde a política monetária não tem alcance”, avalia. Conforme Braz, além do foco em alimentos, a questão energética também requer atenção, dependendo de como ficar a situação hídrica do País. “Os preços administrados podem ficar comportados, pois não se espera grandes aumentos em energia, mas ainda não sabemos se haverá algum desequilíbrio hídrico”, diz.