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IGP-M parece ter atingido máximo de aceleração e deve arrefecer em julho, diz FGV

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) parece ter atingido o patamar máximo de aceleração em junho, quando alcançou 1,87% – a maior taxa desde outubro de 2015 (1,89%) – , e deve arrefecer já em julho, segundo o superintendente adjunto de Índices Gerais de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Salomão Quadros. Em maio, o indicador havia subido 1,38%.

Já em 12 meses, a aceleração foi de 4,26% para 6,92%, movimento que deve continuar, já que em julho de 2017 houve deflação de 0,72%. “O IPA Índice de Preços ao Produtor Amplo, que representa 60% do IGP-M, já está começando a ceder um pouco, embora não completamente. E o IPC Índice de Preços ao Consumidor – 30% do índice – deve registrar alívio em função pelo menos de energia elétrica.”

A conta de luz não deve ter aceleração em julho, porque em junho já foi adotada a bandeira mais cara, a vermelha 2, que, mesmo que seja mantida, não aumentará o ritmo de alta.

O IPA passou de 1,97% em maio para 2,33% em junho, enquanto o IPC subiu de 0,26% para 1,09%.

De acordo com Quadros, o alívio no IPA e, consequentemente no IGP-M, deve ser gradual devido à depreciação cambial, que já atinge alguns insumos industriais e agrícolas, e também por alguns efeitos mais duradouros causados pela greve dos caminhoneiros em determinados alimentos.

Por exemplo, os adubos ou fertilizantes avançaram de 4,06% para 10,09%, como resultado da depreciação cambial, avalia Quadros. Da mesma forma, os produtos químicos e siderúrgicos subiram. “Não tem nenhum efeito que se destaque sozinho, que está grande. São diversos produtos com variações pequenas. Mas a pressão cambial ainda não apareceu totalmente.”

Para o consumidor, o economista diz que deve haver algum repasse em itens que sofrem diretamente com o aumento do dólar, como o pão francês. “O que não é natural é o corte de cabelo ficar mais caro por causa do câmbio mais desvalorizado. Isso não está ainda no cenário, ainda mais porque a economia está andando devagar e a demanda está contida”, explica.

Sobre os efeitos da greve, Quadros diz que alguns devem ser temporários e outros menos temporários. Em junho, a parte de alimentação no atacado e no varejo foi o principal fator a pressionar o IGP-M por causa desses desdobramentos da paralisação dos caminhoneiros. O IPA agropecuário avançou de 0,98% para 3,03%, enquanto a Alimentação no IPC subiu de 1,55% para 2,90%.

Algo que não deve ser normalizado rapidamente é avicultura, uma cadeia que foi severamente afetada pelo bloqueio das estradas, com a morte de várias aves. “A questão da avicultura tem um tempo de resposta um pouco mais lento e deve continuar pressionando ao menos pelas próximas semanas, diferente da batata, por exemplo, que já pode ter queda”, afirmou Quadros, completando que a tendência é de desaceleração dos alimentos in natura.

Da mesma forma, os combustíveis já estão desacelerando no IPA e devem continuar com esse movimento em julho. Os combustíveis e lubrificantes para a produção passaram de 10,35% para 1,86%.

Além do frango em si, Quadros diz que os alimentos processados como um todo devem ter normalização mais lenta. “Os derivados do leite, da carne e do trigo têm razões para subir.” Em junho, essa classe (0,75% para 4,77%) foi a principal responsável pelo avanço dos Bens Finais (0,27% para 2,58%).

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