economia

IGP-M em 12 meses deve ter deflação até setembro, espera FGV

A deflação em 12 meses do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), alcançada pela primeira vez em junho após mais de sete anos, deve se manter até ao menos setembro, segundo o superintendente adjunto para Inflação do IBRE/FGV, Salomão Quadros. Depois disso, ele avalia que as taxas mensais deste ano vão se sobrepor às de 2016 e, por isso, o IGP-M deve fechar o ano em alta, mas bem próxima de zero.

O indicador caiu 0,67% em junho, após recuar 0,93% em maio, e acumulou queda em 12 meses de 0,78%, taxa mais baixa desde dezembro de 2009 (-1,72%). No acumulado em 12 meses, o IGP-M não ficava negativo desde janeiro de 2010 (-0,67%).

“Acumular deflação em 12 meses é uma raridade. O principal motivo para o recuo atual do indicador em 12 meses é a safra agrícola recorde, que expandiu muito a oferta de alimentos, mas há claro também um efeito da recessão”, explica Quadros.

Ele esperava uma taxa mensal mais alta para o indicador em junho, sinalizando uma saída mais rápida da deflação, que já se repete há 3 meses. Mas, segundo ele, os problemas envolvendo a carne brasileira provocaram excesso de oferta, o que provocou a queda dos preços no atacado. Em maio, o boi gordo teve alta 0,33% e caiu 3,01% no IGP-M de junho.

Outro fator que ajudou a manter o IGP-M no terreno negativo neste mês foi o alívio no preço da soja, que está volátil neste período que antecede o início da colheita nos Estados Unidos.

Para julho, Quadros ainda espera uma taxa negativa mensal do IGP-M, mas diz que deve ser mais residual, especialmente pela influência da aceleração de preços do minério de ferro (-18,20% para -11,19%) que deve sair da deflação no curto prazo. “Precisaria ter muita aceleração de preços no IPA no mês que vem para o IGP-M deixar a deflação”, diz, lembrando que os preços da carne devem seguir baixos como repercussão de problemas recentes, como a suspensão da importação dos Estados Unidos.

O especialista também não demonstra grande preocupação com os preços do feijão. No atacado, o produto teve elevação de 42,13% em junho na comparação com 3,87% em maio, enquanto no varejo o feijão carioca já sobe 22,37%, de deflação de 3,90% no mês anterior.

Segundo ele, essa alta de preços é mais uma precaução diante do receio do mercado com a interferência de problemas climáticos na safrinha. “Mas não há nenhuma confirmação ainda de perda de produção. Isso é mais um fator de proteção, mas acho que, em breve, o feijão deve devolver parte desse aumento”, explica.

No IPC-M, que teve a primeira queda (-0,08%) desde julho de 2013 (-0,03%), Quadros não espera nova deflação no sétimo mês de 2017, uma vez que a retração em junho foi fortemente influenciada pelo início da bandeira verde nas contas de luz. Mas o especialista avalia que os preços no varejo devem seguir baixos, principalmente pela expectativa de continuidade do recuo dos alimentos.

Aluguéis

Usado como base para o reajuste de aluguéis, a queda do IGP-M em 12 meses em junho, em tese, deveria baixar os valores pagos pelos locatários, mas Quadros afasta essa possibilidade. “Por uma questão de bom senso, os preços não devem cair, já que eles não sobem tanto também quando o IGP-M está com o acumulado alto. Além disso, o IGP-M só está quantificando numericamente a fraqueza já observada no mercado de aluguéis devido à crise econômica.”

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