O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) deve ter leve aceleração em março após subir 0,07% em fevereiro, indica o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ainda que evite fazer projeções, Braz acredita que o IGP-M possa subir em torno de 0,20%, como consequência da queda menos intensa esperada pelos produtos in natura no atacado e no varejo e da expectativa de avanços na soja, no minério de ferro e outros insumos para a indústria.
Em fevereiro, o IGP-M fora o menor para o mês desde 2012 (-0,06%) e possibilitou um aumento ligeiro da deflação em 12 meses, de -0,41% para -0,42%. Para o próximo mês, Braz estima aceleração da taxa em 12 meses, visto que, em março de 2017, o IGP-M marcara alta ligeira de 0,01%.
O economista ainda acrescentou que a tendência é de aceleração modesta no indicador durante o ano alinhada à expectativa de recuperação mais forte da economia. A partir de abril, Braz estima que o IGP-M já deve ter alta em 12 meses, já que no mesmo mês do ano passado foi iniciada uma sequência de quedas fortes, com recuo de 1,10%. “Há expectativa de alta na agricultura mesmo com uma safra similar ao recorde do ano passado. Mas mesmo que alimentação continue favorecendo com taxas baixas, devemos ter alguma alta em itens industrializados como efeito da retomada.”
Essa análise de alimentação ocorre porque, em fevereiro, os produtos alimentícios contribuíram bastante para o arrefecimento do IGP-M, tanto no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que teve queda de 0,02% após alta de 0,91%, quanto no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que desacelerou de 0,56% para 0,28%. O IPA agropecuário recuou 0,71%, de elevação de 0,17% em janeiro, e o grupo Alimentação (1,11% para 0,07%) foi o principal responsável pelo alívio no varejo, segundo a FGV.
Braz destacou que a queda nos alimentos é generalizada e não somente reflexo da boa oferta sazonal de produtos in natura, que também vêm sendo beneficiados pelo clima bastante favorável no início do ano.
Os itens in natura no IPA caíram 2,24% após alta de 3,21% em janeiro, enquanto os produtos processados, como a carne bovina (0,40% para -4,32%) aumentaram a deflação (-0,36% para -1,96%). No varejo, as hortaliças e legumes saíram de 13,56% para 3,16% e a queda da alcatra (1,96% para -2,90%) foi listada como uma das principais influências de baixa.
“O clima no início desse ano foi uma agradável surpresa, porque esperávamos que não fosse ajudar e está favorecendo bastante, o que contribui para a inflação continuar baixa em 2018.”
Assim, Braz avalia que o Banco Central não deve encontrar nenhum desafio em preços em 2018. “O IPA não mostra nenhuma reviravolta que indique mudança abrupta.” Contudo, o economista avalia que outras questões, como a suspensão da reforma da Previdência, podem impor cautela ao BC.
Ainda que veja alguma aceleração dos produtos in natura, por efeito sazonal, Braz espera que em março os produtos agropecuários continuem negativo, principalmente por processados, que devem seguir com preços baixos para consumidor, beneficiados pelo clima e por questões de mercado. Já Alimentação no IPC deve ter leve avanço, completa o economista, também pela estimada aceleração em itens in natura, o que deve contribuir para alta no varejo para algo em torno de 0,35%.
Em fevereiro, Braz ainda afirmou que o minério de ferro (6,57% para 0,38%) e os combustíveis, como a gasolina (3,20% para -4,56%) e o GLP (6,17% para -0,88%), dentro do IPA, contribuíram para o alívio do IGP-M. Mas o economista acredita que esses itens podem voltar a acelerar em março.