O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de março pode se posicionar abaixo da taxa do mesmo índice de fevereiro (0,53%), sinalizando uma trajetória de desaceleração dos IGPs. Essa trajetória já pode ser percebida na taxa menor da primeira prévia do IGP-M desse mês, anunciada hoje. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. "Uma taxa acima de 0,53%, para o mês de março, será difícil", afirmou o economista.

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Ele fez a observação ao ser questionado se a leve aceleração do Índice de Preços por Atacado (IPA), de 0,50% para 0,52% na passagem da primeira prévia de fevereiro para igual prévia em março, poderia se intensificar ao longo do mês, conduzindo a um IGP-M de março maior do que o de fevereiro. "Mesmo que o IPA tenha ficado quase inalterado, na primeira prévia, isso não significa que o atacado não possa desacelerar ao longo do mês", afirmou.

Ele comentou que ainda espera alguma influência mais intensa do bom momento do câmbio, ajudando a provocar desacelerações e quedas no setor atacadista – muito sensível às oscilações de insumos importados. "Os efeitos da valorização cambial ainda não foram transmitidos por completo, dentro do IPA", afirmou.

Essa possível desaceleração do IPA pode ajudar a conter uma possível "virada" na taxa do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), atualmente em deflação de 0,17%. "Essa queda do IPC não é sustentável. Não é o padrão o varejo permanecer com taxa negativa, assim como não é comum a manutenção da atual queda de 0,70% nos preços dos alimentos no varejo. Isso vai mudar, ao longo do mês", disse, acrescentando, porém, que não espera uma aceleração brusca nos preços dos alimentos, junto ao consumidor. "Acho que os preços do varejo, assim como os preços dos alimentos, vão continuar em um patamar baixo. Mas não tão baixo assim", opinou.

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