O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) fechado de fevereiro deve apresentar taxa positiva, e bem diferente do resultado de janeiro, quando apresentou deflação de 0,44%. Porém, na avaliação do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, embora a trajetória mensurada pelo IGP-M até o momento seja ascendente, isso não deve ser suficiente para que o índice atinja taxa superior a 1% esse mês.
Ele explicou que, embora a primeira prévia do IGP-M de fevereiro tenha subido 0,42%, isso não significa que as próximas leituras também se posicionarão em nível igual ou superior ao da primeira prévia. Na análise do economista, é possível que a segunda prévia e o dado fechado do IGP-M neste mês apresentem exemplos de desaceleração de preços, que podem contribuir para que a taxa do índice feche o mês de fevereiro em um nível comportado.
Quadros admitiu, porém, que há muitos exemplos de aumentos de preços, na primeira prévia de fevereiro. “Existe hoje uma pressão de alta, que vem dos preços agrícolas no atacado e, ao mesmo tempo, as contribuições de deflação, detectadas em índices anteriores, estão perdendo força”, disse. Como exemplo, ele citou o caso dos metais, que agora pararam de cair no atacado.
Além disso, ele voltou a lembrar que o impacto da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os preços dos automóveis, que reduziu de maneira expressiva os preços dos carros e do varejo em janeiro, não será influência expressiva no IGP-M de fevereiro. “O ciclo de deflação do IPA (índice que mensura preços do atacado) está perdendo e não é tão amplo quanto foi em dezembro e em janeiro. Realmente, fevereiro vai ser bem diferente de janeiro”, afirmou.
Outro ponto destacado pelo técnico foi o provável repasse de preços, para o varejo, dos aumentos nos preços agropecuários no atacado. Na primeira prévia do IGP-M de fevereiro, os preços dos alimentos caíram 0,08% junto ao consumidor, mas essa deflação não deve se sustentar, quando forem repassados os atuais aumentos de preços em itens agropecuários no atacado, que possuem uma longa cadeia de derivados no varejo. “Por exemplo, o trigo está subindo no atacado agora, e panificados e biscoitos estão com queda de preço (-0,77%) na primeira prévia de fevereiro”, disse, observando que a deflação em panificados, no varejo, não deve durar.