O coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, disse nesta quinta-feira (28), em entrevista coletiva, que aguarda um Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) em 2008 menor que o do ano passado, mas superior a 4%, nível que é considerado por ele como o de um cenário tranqüilo.
De acordo com Quadros, a questão agrícola não deverá trazer o mesmo impacto em 2007, quando o índice da FGV variou 7,75%, motivado por forte alta acumulada de 24,22% dos preços agropecuários do atacado. Porém, os preços de produtos agrícolas trará, segundo ele, interferências importantes nos IGPs. "O comportamento destes preços ainda é uma questão chave para estes índices. Há um desequilíbrio que não é tão momentâneo entre oferta e demanda no mundo inteiro. Ainda é uma questão muito importante para determinar a inflação em 2008, principalmente nos IGPs", avaliou Quadros. "Por isso, estou achando difícil o IGP-M retomar a trajetória de taxas acumuladas de 4% este ano", destacou.
Segundo o coordenador, a taxa do IGP-M acumulado nos últimos 12 meses até este mês é de 8,67%, o que sinaliza outro cenário que não é normal para o índice da FGV. Para ele, a confirmação da desaceleração das taxas mensais em março e abril poderá trazer uma visualização mais definida do que acontecerá no decorrer do ano. "Será muito importante para sabermos o potencial verdadeiro de desaceleração da taxa de 12 meses e, a partir do segundo semestre, este processo tende a ficar mais claro, já que não esperamos taxas mensais tão altas como as observadas na segunda metade de 2007, quando as variações superaram a marca de 1%", afirmou.
Câmbio e alimentos
Um grande aliado para os IGPs este ano pode ser novamente o câmbio. De acordo com Quadros, a nova onda de quedas do dólar ante o real deve trazer algum alívio na inflação e os indicadores da FGV tradicionalmente são os que mais captam este impacto. "Uma desaceleração forte no câmbio tem sempre um papel de atenuação.
Para Quadros, os alimentos – grandes vilões da inflação ao consumidor em 2007 – não trarão impacto semelhante em 2008. "Mas também não serão meros coadjuvantes", ponderou. "A Alimentação deverá ceder um pouco mais de espaço na composição da inflação. Tarifas de serviços públicos, como a energia elétrica, devem ganhar espaço, assim como os preços dos aluguéis, que sofrem influência do próprio IGP-M", exemplificou.