IGP deve desacelerar em dezembro com câmbio, mas ficará em 2 dígitos, avalia FGV

A recente acomodação do câmbio vai sustentar a desaceleração da inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), afirmou o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas André Braz.

“O repasse do câmbio chegou aos bens finais e nas matérias primas não estão se formando novos pontos de pressão, o que sugere que o IGP-M venha mais baixo em dezembro”, afirmou, ressaltando que o índice deve acumular alta menor que 1,00% no último mês do ano. “Mesmo que ocorra algum choque cambial nas próximas semanas, isso vai demorar a se traduzir em aumento de preços.”

Ainda assim, o pesquisador acredita que o indicador deve registrar dois dígitos no acumulado do ano, o que não ocorria desde 2003. Em novembro, o índice variou 1,52%. Em 12 meses, o IGP-M registrou alta de 10,69%.

Entre os três indicadores que compõem o IGP-M, o IPA-M saiu de 2,63% em outubro para 1,93% em novembro. Na mesma base de comparação, o IPC-M passou de 0,64% para 0,90%. O INCC-M acelerou de 0,27% para 0,40%.

De acordo com Braz, a forte alta dos alimentos in natura, que saíram de deflação de 1,7% em outubro para alta de 12,29% em novembro, foi a grande responsável pelo IPA-M acima de um dígito em novembro. Dentre os produtos que mais subiram, o pesquisador destacou a aceleração dos preços batata inglesa (+54,36%), do tomate (+26,55%) e dos ovos (+5,96%).

“Por trás da volatilidade dos preços desses produtos, há uma pressão forte de custos, como frete e energia, que impossibilitam que a sazonalidade compense a alta dos preços”, disse.

No caso da inflação ao consumidor, o IPC atingiu em 12 meses 10,06% em novembro, o maior nível para o período desde novembro de 2003.

Próximo ano

O pesquisador não fez projeções para 2016, mas disse acreditar que os preços da energia elétrica devem ser a principal causa de volatilidade da inflação. “Há fatores favoráveis, como o aumento das chuvas e a possibilidade dos leilões de energia baixarem os preços, mas o setor elétrico pode repassar outros custos para o consumidor”, disse. “Como em 2015 os preços de energia foram um dos principais causadores da forte aceleração da inflação, há muita incerteza para o ano que vem.”

Braz acredita que a inflação de serviços, que tem se mostrado resiliente, deve começar a desacelerar no primeiro trimestre de 2016. “Ainda que o desemprego esteja aumentando, as pessoas ainda têm renda disponível por causa de seguro-desemprego e rescisões, mantendo o nível de demanda. No começo do ano que vem, esse cenário deve se dissipar”, disse.

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