O Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) foi de 1,50% neste mês, maior taxa mensal para o indicador desde março de 2003 (1,58%) e a maior para o mesmo mês desde 1995 (1,44%). Em maio, o índice havia ficado em 1,24%. O IGP-10 mede os preços do dia 11 do mês anterior ao dia 10 do mês atual. Funciona, por isso, como um indicador de tendência do IGP-M para o mês.
O coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, avalia que a inflação em junho deverá ficar próxima do nível atual. Ele explica que os resultados da família dos Índices Gerais de Preços (IGPs) saltou da faixa de 1,20% em abril para em torno de 1,50%. “A possibilidade de os IGPs desacelerarem por ora está mais difícil. Sem falar no aumento dos combustíveis, que ainda não foi captado”, afirmou Quadros. Os aumentos da gasolina (10,8% na refinaria) e diesel (10,6%) entraram em vigor no dia 14.
O coordenador da FGV avaliou que a inflação está sob controle, mas comentou que os resultados captados representam um “sinal de alerta”. Neste sentido, avalia Quadros, a cautela do Banco Central (BC) – que semana passada manteve a taxa Selic em 16% – “é totalmente recomendável”. O IGP-10 é o primeiro da “família” de índices calculados pela FGV que fecha o primeiro semestre, período em que acumulou variação de 6,81%. O Índice de Preços ao Atacado (IPA-10) foi de 8,21% no período; o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-10), de 3,39%; e o Índice de Custo da Construção Civil (INCC), de 5,25%.
Moderação
“O repasse do atacado para o varejo está bem moderado no ano e o IPC já está carregado de aumentos que não se distribuem ao longo do ano, como o das mensalidades escolares”, afirma Quadros. Nos últimos 12 meses, o IGP-10 acumula alta de 8,99%. De maio para junho, o IPA-10 subiu de 1,62% para 1,77%, o IPC-10 foi de 0,44% para 0,72% e o INCC, de 0,70% para 1,69%. Tanto no atacado quanto no varejo, a alimentação provocou pressão inflacionária. No IPA-10, a variação dos produtos de alimentação passou de 0,34% para 2,04% entre maio e junho. Quadros qualificou a maior parte dessa pressão de aumentos como “passageira”, ligada a fatores climáticos. Mas há casos, como de carnes bovinas e aves, em que a aceleração foi mais forte.
No varejo, os preços da alimentação cresceram 1,39% (em maio o resultado foi de 0,40%). O grupo representou praticamente metade de toda a variação de preços do IPC-10. O grupo de transporte também apresentou aceleração de aumentos, de 0,04% para 0,46%. No varejo, os itens com maiores impactos na inflação foram tomate (31,21%), manga (27,55%) e cebola (32,12%). No atacado, além dos alimentos, houve impacto dos óleos combustíveis e do álcool.