Os preços no atacado dispararam em outubro e elevaram a inflação medida pelo Índice Geral de Preços 10 (IGP-10) para 3,32%, chegando ao topo das expectativas do mercado (2,6% a 3,3%). Foi a maior variação registrada pelo índice da Fundação Getúlio Vargas (FGV) desde março de 1999, quando chegou a 3,51%. Em setembro, a variação do IGP-10 havia sido de 2,40%.
O dólar elevou a pressão sobre os preços no atacado no período de pesquisa do índice, entre 11 de setembro e 10 de outubro. O Índice de Preços por Atacado (IPA) subiu 4,81% em outubro, porcentual bem superior aos 3,35% registrados no mês passado.
As maiores pressões no atacado foram exercidas por produtos diretamente ligados ao dólar, como soja (14,47%), trigo (30,25%), café em coco (26,39%) e cacau (30,07%). O economista da FGV, Salomão Quadros, lembrou que o dólar estava cotado em R$ 3,11 no primeiro dia de coleta e chegou ao último dia valendo R$ 3,92. ?O IGP-10 registrou esse pico?, explicou.
Quadros salientou que os aumentos estão ocorrendo com maior força em vários estágios da cadeia produtiva, desde as matérias-primas brutas (7,51%) até os bens duráveis (2,82%). ?Os aumentos de preços estão chegando aos bens finais e, portanto, mais perto do consumidor?, disse.
A alimentação manteve forte impacto no atacado e registrou aumento de 5,58% em outubro, ante 3,54% em setembro. O grupo inclui tanto produtos in natura, como legumes, até os industrializados. Os alimentos são os produtos que têm apresentado maiores repasses do atacado para o varejo.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu para 0,77% em outubro, porcentual pouco acima de 0,70% verificados em setembro. O maior aumento em outubro no varejo ocorreu no item alimentação (1,61%), com destaque para o óleo de soja (10,76%), tomate (9,81%), arroz branco (5%) e pão francês (2,88%). Ocorreram aumentos influenciados pelo dólar também em não alimentícios como passagens de avião (6,47%).
Quadros ressaltou que os aumentos no atacado ainda estão descolados do consumidor. Enquanto o IPA-10 registrou aumento acumulado de 17,85% no ano, o IPC-10 cresceu 6,19%. Segundo ele, esse descolamento é resultado da demanda enfraquecida, mas também da tradição de não ocorrência de repasses integrais do atacado para o consumidor. Mas lembrou que alguns produtos em alta no atacado, como soja, trigo e café em coco, permanecem com potencial de alta no varejo.
O IGP-10 acumulou variação de 13,53% no ano e de 15,45% em 12 meses. O Índice de Custo da Construção Civil (INCC) reduziu o aumento de 1,06% em setembro para 0,72% em outubro. A queda de um mês para o outro ocorreu porque neste mês não houve aumento de mão-de-obra.