O avanço de 1,1% na produção industrial brasileira em junho ante maio, o quarto mês consecutivo de resultados positivos apurados pelo IBGE, ainda não representa uma recuperação do setor, na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

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“Ainda é cedo para falar em recuperação. Estamos falando de estancamento da crise. E esse estancamento aconteceu num patamar muito baixo de produção”, observou Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi.

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Cagnin aponta que o desempenho da indústria permanece negativo em todas as comparações com o ano anterior. Segundo ele, o setor de bens de capital, que foi determinante para o resultado positivo da indústria em geral nos últimos meses, começou a esboçar reação porque vinha de muitos meses seguidos de quedas acentuadas.

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“Foram muitos meses de contrações sucessivas na produção de bens de capital, então essa procrastinação de projetos de investimentos por tanto tempo exige em algum momento o desengavetamento de alguma necessidade, a substituição de algum equipamento obsoleto”, justificou o economista-chefe do Iedi.

Outro fator que beneficiou a indústria como um todo nos últimos meses foi a taxa de câmbio, que começou o ano mais favorável para o setor, por volta de R$ 4,00.

“A taxa de câmbio, que ajudou muitos setores a ter como rota de fuga o mercado externo, já não é mais a mesma do início do ano: passou de cerca de R$ 4,00 em janeiro para R$ 3,20 agora. Num período tão delicado, essa pressão cambial pode jogar areia na engrenagem, esfriar esse dinamismo que tivemos no primeiro trimestre”, alertou Cagnin.

O economista afirma, entretanto, que os últimos resultados divulgados pelo IBGE mostram que talvez o pior momento da indústria tenha mesmo ficado para trás. Apesar disso, a expectativa do Iedi ainda é de retração na produção este ano. “(Retração) Menor do que no ano anterior, mas ainda retração”, concluiu ele.