O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) está alertando sobre os riscos que adubos à base de esterco de frango podem causar. Análises feitas no Instituto Adolfo Lutz, a pedido do Ministério da Agricultura, confirmaram a presença de Pentaclorofenol – agrotóxico cancerígeno -com valores de 0,04 a 0,27 mg/kg para as amostras de adubo do Paraná e de 0,96 até 1,28 mg/kg para as amostras de Santa Catarina. Caso o problema continue, o ministério poderá cancelar os registros das empresas.
O teste foi feito para esclarecer uma denúncia de que a maravalha, um subproduto do beneficiamento de madeiras tratadas com agrotóxicos cancerígenos, era usada como “cama de aviário” na produção de aves, especialmente frangos.
Diante dessa confirmação, o Idec reiterou aos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que avaliem a possibilidade de proibição total do Pentaclorofenol no Brasil. “Essa contaminação de adubos que descobrimos indica que o consumidor corre sério risco de estar sendo contaminado por um produto altamente persistente no meio ambiente e comprovadamente cancerígeno”, afirma Sezifredo Paz, coordenador executivo do Idec. O pentaclorofenol é proibido em diversos países do mundo e no Brasil é liberado apenas para uso em tratamento de madeiras.
Os resultados das análises feitas no ano passado pela Universidade Federal de Santa Maria, a pedido do Idec, demonstraram que nenhuma amostra de carne de frango apresentava resíduos das substâncias, mas duas marcas de adubos à base de esterco de aves – a Agro Divel, de Joaçaba (SC) e a Vitaplan, de Cascavel (PR) – apresentaram resíduos de Pentaclorofenol. O adubo da Agro Divel também apresentou resíduos para Tribromoanizol e Tribromofenol.
Apreensão
A Polícia Federal em Maringá prendeu na semana passada Paulo Nicioli, 46 anos, e José Guido Vergílio, 49 anos, com material agrotóxico. Os produtos apreendidos não tinham documentação legal ou receituários agronômicos. O material era trazido do Paraguai e seria comercializado nas cidades de Maringá, Mandaguaçu, Jussara e São Jorge do Ivaí.
Foram apreendidos 12 frascos (de um litro cada) de inseticida líquido Cyperfertil; 40 pacotes de inseticida sistêmico Imissed 70 WP (500 g cada); 63 pacotes de herbicida Agruron (100 g cada); 20 pacotes de inseticida Eclipse (100 g cada); um pacote de inseticida Imyd 70 WS Imidaclori (100 g cada); 6 envelopes de fungicida sistêmico Baron 80 WP (500 g cada); 3 pacotes herbicida Cloromethyl (500 g cada).
Estimativas do setor agropecuário dão conta de que o comércio ilegal de agrotóxicos deixou de arrecadar valores próximos a US$ 20 milhões em 2002, sobretudo em tributos fiscais e encargos que deixam de ser recolhidos sem contar as receitas das empresas.
Dados do Ibama mostram que os maiores índices de pirataria observados vêm da sojicultura, sendo os herbicidas os preferidos dos falsificadores e contrabandistas, por serem produtos tidos como caros, mas indispensáveis à produção, tornaram-se o principal alvo do mercado ilegal.