Ibre: investimento começa a puxar expansão da indústria

A análise dos setores da sondagem industrial permite observar que há uma troca no perfil de expansão da indústria neste ano, mais influenciada por setores ligados aos investimentos e menos ligada aos bens de consumo. A avaliação foi feita, nesta quinta-feira, pelo superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), Aloísio Campelo, em análise dos dados da Sondagem da Indústria de Transformação divulgada nesta quinta-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

“A indústria virou o ano com a percepção de recuperação de demanda e de melhora do ritmo de atividade ao menos. Essa melhora ocorria já com essa troca um pouco de bens de consumo pela melhora nas expectativas para investimentos, que já era sentida em alguns segmentos de bens de capital”, disse Campelo. Segundo ele, no segmento de bens de capital houve uma queda (0,8%) no ICI em fevereiro, na margem, mas que só faz “perder um pouco de fôlego” de uma recuperação que já vinha sendo apresentada. O mesmo vale para material de construção (queda de 3,8%). Ambos, de dezembro a fevereiro, têm crescimento positivo no indicador.

“Num contexto de tendência, são os bens de consumo que estão calibrando um pouco e eram eles que estavam conduzindo a indústria no segundo semestre de 2012. O caminho natural da indústria seria ter menos peso no crescimento de bens de consumo e mais nos segmentos ligados a investimentos”, comentou. No caso dos duráveis, a variação do ICI no mês foi de 2,7%, mas o setor acumula queda de 9,5% nos últimos três meses. Os não-duráveis recuaram 2,6% em fevereiro, acumulando -1,9% de variação no trimestre, e os intermediários apresentaram estabilidade neste mês.

A retomada dos investimentos, contudo, deve aparecer de forma mais gradual com esse resultado de fevereiro. “Os investimentos devem acelerar nesse primeiro trimestre, mas o resultado de fevereiro já esfria o ritmo dessa recuperação”, disse. No quadro das expectativas para seis meses, o único segmento que ficou com resultado abaixo da média histórica foi o de duráveis. “É aquele ponto: o primeiro semestre promete um equilíbrio um pouco diferente com relação ao último semestre do ano passado, com investimentos tendo mais importância que bens de consumo, principalmente duráveis.” Apesar disso, de acordo com o economista, o que precisava ser ajustado, no segmento de duráveis, já foi, o que traz uma sinalização positiva para o setor.

De janeiro para fevereiro, o Nuci recuou em todos os setores analisados. Mas na média móvel trimestral, apenas bens duráveis e não duráveis tiveram uma diminuição no uso da capacidade instalada. O segmento de bens de capital, por exemplo, aumentou a média móvel trimestral de 82,3% registrados em janeiro para 82,6%. O de material de construção ficou estável, em 89,2%.

“A indústria guarda um pouco de otimismo com essa expectativa de aceleração que se daria com a recuperação de bens de capital e uma manutenção de nível de atividade de não duráveis. É bom ressaltar que duráveis já esteve pior. Já houve uma boa calibragem ao longo dos últimos meses”, disse. A desaceleração do consumo de bens duráveis se deve, entre outros fatores, à retirada escalonada do benefício de redução de IPI para veículos e linha branca e também pela antecipação de consumo das famílias.

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