O último dia de outubro foi de realização de lucros na bolsa brasileira, que pegou carona no viés negativo que vigorou no mercado americano. Em queda desde a abertura nesta quinta-feira, o Índice Bovespa terminou o dia aos 107.219,83 pontos, com baixa de 1,10%. Mesmo assim, terminou o mês com valorização de 2,36%, levando os ganhos acumulados no ano para 22,0%. Os negócios no pregão somaram R$ 19,3 bilhões.

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Lá fora, as novas dúvidas quanto à capacidade de Estados Unidos e China chegarem a um entendimento no campo comercial continuaram no rol de preocupações dos investidores. O quadro de cautela foi reforçado pela desaceleração da atividade industrial de Chicago em outubro, elaborado pelo Instituto para a Gestão da Oferta (ISM).

No cenário doméstico, o noticiário foi considerado escasso, deixando em evidência a polêmica em torno das declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que defendeu a possibilidade de adoção de uma espécie de AI-5 pelo governo, na hipótese de haver no Brasil protestos populares semelhantes aos que ocorrem no Chile. As declarações, que geraram fortes reações no âmbito político e Judiciário, não tiveram eco na fala do pai do deputado, o presidente Jair Bolsonaro, que descartou qualquer ato nesse sentido. “Quem quer que fale em AI-5 está sonhando”, disse.

Profissionais do mercado ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, afirmaram que o mais recentes episódio polêmico envolvendo o clã Bolsonaro gerou desconforto, mas não ao ponto de influenciar o ambiente de negócios na bolsa, que segue positivo. Inflação sob controle, juros baixos e aprovação da reforma da Previdência são alguns dos fatores que motivam uma percepção mais otimista dos analistas.

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“A alta do Ibovespa no mês poderia ser maior, mas o clima segue positivo e vejo razões para uma visão otimista para a bolsa”, afirma Alvaro Bandeira, economista da Modalmais. Ele acrescenta ao cenário favorável a proximidade do leilão da cessão onerosa, marcado para o próximo dia 6, e o retorno tímido, mas constante, do capital estrangeiro na bolsa nos últimos dias.

As ações do setor financeiro e a Vale comandaram as quedas no dia. Vale ON perdeu 2,86%, repercutindo a queda nos preços do minério de ferro no mercado chinês e alguma cautela do investidor ante o acionamento preventivo do protocolo de emergência na barragem de Forquilha IV, em Ouro Preto (MG). Já entre os bancos, a queda foi atribuída mais essencialmente ao movimento de correção, uma vez que esse grupo respondeu pelo melhor desempenho na bolsa em outubro. O Índice Financeiro (IFNC) caiu 1,78% no dia, mas teve ganho de 4,91% em outubro.

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