IBGE vê ‘recuo generalizado’ nos preços em novembro

A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, disse que houve um “recuo generalizado” nos preços no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, em relação aos apurados em outubro. Segundo ela, o grupo dos alimentos passou de uma contribuição de 0,16 ponto porcentual na taxa de outubro para 0,14 ponto em novembro, enquanto os não alimentícios reduziram sua participação de 0,29 ponto para 0,22 ponto de um mês para o outro.

Nos alimentos, houve queda de preços em produtos importantes nas despesas das famílias, como feijão carioca (-14,60%), cebola (-11,58%), cenoura (-14,94%), ovos (-4,12%) e óleo de soja (-3,38%). Os produtos alimentícios subiram 0,61% no IPCA de novembro, ante 0,69% em outubro, segundo o IBGE. Já os não alimentícios registraram alta de 0,29% em novembro, ante elevação de 0,38% em outubro. O IPCA de novembro registrou inflação de 0,36%, ante 0,45% em outubro.

Eulina destacou que, apesar da desaceleração ou queda de preços de um mês para o outro, os alimentos já acumulam alta de 10,71% de janeiro a novembro de 2008, respondendo por 2,22 ponto porcentual, ou 42% da inflação acumulada no período (5,61%).

Dólar

Os resultados do IPCA de novembro não mostram influência significativa de pressão da alta do dólar sobre a inflação, segundo Eulina. De acordo com ela, ainda que alguns itens que mantêm alguma relação com o dólar tenham subido, como microcomputadores, o peso desses artigos é pequeno no índice. “Não dá para dizer ainda se a pressão do dólar sobre os preços já foi evidenciada ou se será (no futuro). Ao mesmo tempo que o dólar sobe, os preços das commodities (matérias-primas) estão caindo, então o efeito no mercado interno é de não haver forte alta nos alimentos”, disse.

Os efeitos do dólar ocorreram mais claramente, segundo Eulina, apenas em artigos como microcomputadores (que passaram de queda de 1,92% em outubro para alta de 1,78% em novembro) e eletrodomésticos (de -0,28% em outubro para +0,32%), mas mesmo nesses casos não é possível antever se a pressão de alta vai prosseguir nos próximos meses.

Segundo Eulina, exemplo de que o dólar ainda não influenciou a inflação de forma significativa está na lista de reajustes dos alimentos. Segundo ela, a alta de produtos como carne (2,53% em novembro) e tomate (20,87%) está relacionada a condições de mercado ou climáticas, mas não ao dólar. Por outro lado, produtos com influência forte do dólar, como óleo de soja (-1,68%) , mostraram queda de preços no mês.

A coordenadora de índices de preços do IBGE observou que o atual choque cambial não teve, pelo menos por enquanto, a mesma influência de alta sobre a inflação como ocorreu em choques anteriores, porque “hoje o momento é outro, é uma situação muito diferente”. Como exemplo dessa mudança ela citou os automóveis usados, cujos preços caíram 2,61% em novembro, por causa das promoções realizadas em conseqüência do recuo da demanda. Eulina citou ainda como exemplo a queda nos preços das commodities, que estão impedindo o repasse da alta do dólar para os alimentos.

Ainda de acordo com Eulina, a única influência já conhecida para o IPCA de dezembro é o reajuste da tarifa de ônibus no Rio de Janeiro, a vigorar a partir de amanhã. No que diz respeito aos efeitos do dólar, ela disse que não há como saber se estarão mais claros no índice de dezembro, ao contrário do que ocorreu em novembro.

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