O total de pessoal ocupado na indústria em maio ficou 11,7% abaixo do pico histórico, registrado em julho de 2008. Trata-se do ponto mais baixo da série histórica da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em junho de 2009, quando havia influência da crise internacional, o porcentual era 7% menor de quando atingiu o nível máximo de pessoas empregadas.

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A informação foi divulgada pelo economista Rodrigo Lobo, da coordenação de indústria do IBGE. De acordo com ele, também preocupa a sequência de resultados negativos das variáveis ligadas ao mercado de trabalho nas comparações com o mês imediatamente anterior. Em maio, o total de pessoal ocupado assalariado e o número de horas pagas na indústria permaneceram em queda, sendo que o primeiro teve cinco resultados negativos consecutivos e o segundo apresentou a terceira taxa negativa.

Lobo explica que nas comparações das séries livres de influências sazonais é comum que ocorram flutuações, com alternâncias de taxas positivas e negativas. “Uma sequência grande de taxas negativas em relação ao mês anterior mostra uma intensificação mais evidente da perda do trabalho do setor industrial”, afirmou.

Sob a ótica dos empresários, há a necessidade de “demitir trabalhadores por conta de um cenário em que os níveis de estoques de produção estão ainda elevados e não está ocorrendo demanda pelos produtos. “É preciso diminuir a quantidade produzida e demitir”.

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Em relação às horas pagas, que retraíram 1,3% em maio, há indicação, com as quedas consecutivas, de que o empresário precisa de menos trabalhadores para dar conta da produção dele. “É um sinalizador de que as demissões vão se manter nos próximos meses. Se isso permanece por um período grande, vai valer mais a pena, em termos de custos, demitir uma parcela dos seus trabalhadores do que permanecer com eles pagando menos, por conta dos custos trabalhistas”, disse o economista.

Ao mesmo tempo, o cenário atual é desfavorável, com taxas de juros crescendo e inflação pressionando a renda dos brasileiros, o que faz com que haja menos demanda por produtos industriais. “Todos esses fatores levam o empresariado a uma deterioração das expectativas no que diz respeito à retomada da produção industrial, consequentemente, não há atmosfera favorável para retomada da contratação”, avalia Lobo.

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