O município de São Paulo é o maior concentrador da gestão empresarial no País. As decisões tomadas pelas empresas lotadas na cidade afetam diretamente 1.442.425 trabalhadores espalhados por outros municípios do País, apontam dados da pesquisa Redes e Fluxos do Território: Gestão do Território, divulgada nesta quarta-feira, 16, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O estudo mostra uma forte dependência das demais regiões brasileiras face ao Sudeste, onde estão as sedes das empresas às quais esses funcionários estão subordinados”, apontou Ronaldo Cerqueira, tecnologista em Informações Geográficas e Estatísticas do IBGE.
No ranking da gestão empresarial, o município do Rio de Janeiro tem o segundo principal papel dirigente no território nacional. As empresas lotadas na cidade do Rio gerenciam 580.019 trabalhadores de empresas localizadas em outros municípios. Já as empresas lotadas em Brasília gerenciam 390.775 trabalhadores de outros municípios.
Na análise sobre a gestão empresarial, o estudo define como “assalariados externos” aqueles trabalhadores lotados em filiais de empresas que possuem suas sedes em outros municípios. A relação permite entender como uma cidade pode influenciar diretamente as outras, na medida em que a população ocupada em filiais depende de decisões tomadas nas sedes localizadas em outros municípios. O levantamento não leva em consideração as ligações indiretas, como trabalhadores e serviços terceirizados.
“São Paulo e Brasília estão no topo da rede nacional de gestão de território. São Paulo porque tem grande concentração de riquezas, e Brasília tem grande concentração do poder público. O Rio de Janeiro aparece em terceiro lugar porque, como herança da época em que era capital, tem ainda uma grande quantidade de funcionários públicos. Então os três municípios estão no topo da hierarquia nacional”, afirmou Marcelo Motta, gerente da pesquisa.
O coordenador de Geografia da Diretoria de Geociências do IBGE, Claudio Stenner, defendeu que o estudo divulgado hoje é importante para entender como se dá o fluxo de informações entre os municípios. “Para entender o País é importante também entender como as cidades se articulam umas com as outras, do ponto de vista da gestão, tanto privada quanto pública”, declarou.
Representatividade
Pouco mais de 60% dos municípios brasileiros não registram nenhuma ligação com as principais instituições federais do País, segundo a pesquisa do IBGE. Apenas 39,6% dos municípios brasileiros podem ser considerados centros de gestão pública, o que significa que os outros 60,4% não possuem nenhuma representatividade ou ficam totalmente de fora da estrutura de ligação entre importantes instituições públicas nacionais.
O estudo analisou apenas a presença em território nacional de instituições federais com considerável capilaridade: IBGE, INSS, Justiça Federal, Ministério do Trabalho e Emprego, Secretaria da Receita Federal, Tribunais Regionais Eleitorais e Tribunais Regionais do Trabalho.
“Essas instituições dão um retrato da presença do Estado nesses municípios”, explicou Claudio Stenner, coordenador de Geografia da Diretoria de Geociências do IBGE. “Mas não temos uma análise quantitativa se esses serviços estão sendo bem representados. Nosso objetivo foi simplesmente retratar onde existe a presença dos pontos de comando”, ponderou.
A região Centro-Sul mostra uma concentração aparentemente maior de municípios excluídos da gestão pública, mas, segundo o pesquisador, o mapa reflete uma maior quantidade de municípios de dimensões menores nessa área, com forte presença de municípios centralizadores muito próximos. “A distância entre os municípios é muito pequena, o que facilita a articulação entre as instituições presentes”, apontou.
Como esperado, Brasília lidera o ranking de municípios centralizadores da gestão pública. “É de lá que emanam as principais decisões que afetam todo o território nacional”, notou Paulo Wagner Marques, tecnologista em Informações Geográficas e Estatísticas do IBGE.
O município do Rio de Janeiro figura em segundo lugar na lista, por sediar órgãos importantes entre os pesquisados, como o próprio IBGE. “O Rio de Janeiro também tem papel de destaque na gestão pública como um resquício da época em que era capital do País”, contou Marques.