A desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), de 0,47% em junho para 0,17% em julho, foi generalizada. Ao todo, sete dos nove grupos pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentaram taxas menores do que no mês passado, quatro deles com deflação.
No Vestuário, os preços ficaram estáveis (0,00%), após elevação de 0,67% no mês passado. Segundo o IBGE, as roupas ficaram 0,20% mais baratas, embora os calçados e acessórios tenham registrado alta de 0,51%.
Em Saúde e Cuidados Pessoais, a alta de 0,52% foi menor que a de 0,67% observada no IPCA-15 do mês passado. Artigos de Residência também desaceleraram de 1,00% para 0,66% no período.
Por sua vez, tiveram deflação em julho Educação (-0,07%), Comunicação (-0,10%), Alimentação e Bebidas (-0,03%) e Transportes (-0,85%). No sentido contrário, ganharam força Habitação (0,29% para 0,48%) e Despesas Pessoais (1,09% para 1,74%).
Com deflação de 0,85%, o grupo transportes foi a principal contribuição negativa ao indicador (-0,16 ponto porcentual), informou IBGE. A principal influência veio das passagens aéreas, que ficaram 26,77% mais baratas em julho. Também tiveram queda nos preços a gasolina (-1,09%), o etanol (-2,71%) e o transporte escolar (-0,77%). No IPCA-15 de junho, os transportes haviam apresentado elevação de 0,50%, também puxados pelas passagens.
As diárias de hotéis ficaram 28,63% mais caras em julho, figurando como o item líder em impacto individual (+0,13 ponto porcentual) e impulsionando as Despesas Pessoais. Entre as regiões metropolitanas, Fortaleza se destacou com um aumento de 57,95% nas diárias, seguida por Brasília (+45,74%).
Na Habitação, a principal pressão foi exercida pela energia elétrica, que subiu 1,35%, influenciada pelas regiões metropolitanas de São Paulo (+5,51%, refletindo o reajuste de 18% em vigor desde 04 de julho), Recife (+4,75%, diante do reajuste de 35% no valor da Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública – COSIP, em vigor desde 13 de junho) e Porto Alegre (+2,78%, em função do reajuste de 23% em uma das distribuidoras desde 19 de junho).
Ainda no grupo Habitação, a taxa de água e esgoto caiu 2,36%, mesmo com alta nas regiões metropolitanas de Salvador (5,99%), onde o reajuste de 7,80% está em vigor desde 06 de junho; Fortaleza (1,78%), com reajuste de 7,30% a partir do dia 06 de julho; e Porto Alegre (1,25%), diante reajuste de 6% vigente a partir de primeiro de julho.
Segundo o IBGE, a queda foi influenciada pela região metropolitana de São Paulo, onde a taxa de água e esgoto ficou 13,13% mais barata, contabilizando o desconto concedido a quem economiza água.
Adaptação
A ausência de dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) referente ao mês de maio para duas regiões metropolitanas (Salvador e Porto Alegre) levou o IBGE a promover uma adaptação na metodologia de cálculo do item “empregados domésticos” no IPCA-15 de julho. Segundo o instituto, foram utilizados os últimos rendimentos disponíveis das duas regiões, que se referem ao mês de abril, para estimar a tendência da série de rendimentos em julho.
Normalmente, a metodologia empregada nos índices de preços faz com que sejam estimados dois meses à frente com base nos rendimentos já disponíveis. Diante da ausência de informações da PME para essas duas regiões, uma vez que a coleta de dados foi afetada pela greve dos servidores do instituto, foram estimados três meses à frente. Nas demais, o procedimento regular foi adotado.
A partir dessa adaptação, o item empregados domésticos (do grupo Despesas Pessoais) teve alta de 0,51% no IPCA-15 de julho.
No grupo Habitação, o item “mão de obra para pequenos reparos” também teve o cálculo adaptado diante das ausências de informações da PME. No índice de julho, o item subiu 0,25%.
O IPCA-15 apurou preços entre 12 de junho e 14 de julho.