Primeiro foi a estiagem prolongada, agora é o excesso de chuva que está afetando a safra agrícola do Paraná. Conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado deve fechar 2005 com produção estimada em 22,164 milhões de toneladas -0,70% menos do que a estimativa feita em agosto, de 22,319 milhões de toneladas, e 13,8% menor em relação à safra do ano passado, que foi de 25,711 milhões de toneladas. O trigo, cuja colheita deve encerrar na primeira quinzena de novembro no Estado, é o principal responsável pela estimativa menor.
De acordo com o gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE, Neuton Rocha, a produção estimada do trigo em agosto era de 3,012 milhões de toneladas. Em setembro, a estimativa caiu para 2,870 milhões, ou seja, 4,70% menos. ?Choveu muito, o que dificultou o trabalho das máquinas. A chuva também afeta a qualidade do trigo?, comentou Rocha. Outro problema, lembrou, é o aparecimento de fungos. Este ano, a área de trigo no Paraná soma 1,270 milhão de hectares. A produção estimada é de 2,870 milhões de toneladas, 3,56% menos que no ano passado. O Estado é o maior produtor nacional de trigo, com 56% da produção nacional. Em seguida aparece o Rio Grande do Sul, com 32%, cuja produção estimada para este ano é de 1,648 milhão de toneladas, inferior 20% à obtida em igual safra passada, quando foi colhido um volume de 2,062 milhões de toneladas.
Com o fim da colheita do milho 2.ª safra, apenas o trigo ainda pode mudar os números da safra agrícola estimados para este ano no Paraná. É que outras culturas, como a cevada, o centeio, a aveia e o triticale são menos significativas. O milho 2.ª safra foi cultivado em área de 687,5 mil hectares e a produção foi de 1,824 milhão de toneladas. Em relação ao ano passado, houve queda de 38,1% na área cultivada e de 45,5% na produção. O principal motivo da quebra de safra foi a estiagem.
Brasil
Em nível nacional, o levantamento do IBGE feito em setembro mostra que a produção estimada para este ano é de 112,936 milhões de toneladas, volume 0,17% inferior à estimativa de agosto (113,131 milhões de toneladas) e 5,4% menor do que a safra 2004 (119,370 milhões de toneladas). Os técnicos do IBGE salientam, no documento de divulgação, que a colheita da maioria dos produtos desta safra já foi encerrada e agora resta apenas acompanhar os produtos de inverno, especialmente o trigo. No caso do trigo, houve uma queda de 2% em relação à estimativa prevista em agosto, por causa de chuvas em excesso no Paraná, que prejudicaram a produtividade e a qualidade de colheita. Segundo o IBGE, nesta safra a produção do cereal será de 5,096 milhões de toneladas, 11% inferior à safra 2004 (5,726 milhões de toneladas).
Quanto à produção de grãos nas grandes regiões do país para 2005, está assim distribuída: Norte, 4,071 milhões de toneladas (14,48% mais do que em 2004), Nordeste, 10,013 milhões de toneladas (7,12%), Sudeste, 17,582 milhões de toneladas (-0,34%), Sul, 39,003 milhões de toneladas (-20,14%) e Centro-Oeste, 42,266 milhões de toneladas (5,71%).
Centro-Oeste ultrapassa Sul
A região Centro-Oeste ultrapassará o Sul, na produção de grãos, em 2005, pela primeira vez na história. O gerente do levantamento de safra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Neuton Rocha, disse que os problemas climáticos no Rio Grande do Sul e no Paraná levarão a região Sul a uma queda, também histórica, de 20% na safra agrícola em 2005, na comparação com o ano passado. Em contrapartida, o Centro-Oeste terá aumento de 5,71% no desempenho deste ano. A ?virada? regional no ranking levou o Mato Grosso, com fatia de 21,94% da safra, a ultrapassar, também pela primeira vez, o Paraná, com 19,63%, na safra nacional de grãos. Segundo Rocha, a mudança estrutural na participação regional na safra brasileira já era esperada.
