O técnico da coordenação de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo, avaliou hoje que o menor ritmo de crescimento na produção industrial, em curso desde o segundo trimestre, reflete “o maior nível de importações nos últimos meses, os estoques elevados em alguns setores, as exportações crescendo de forma mais tímida e as paralisações do setor de petróleo”.
Segundo informou mais cedo o IBGE, a produção industrial brasileira cresceu 0,4% em outubro ante setembro, na série com ajuste sazonal. Em setembro ante agosto, houve alta (revisada) de 0,1%. Macedo salientou que, apesar da desaceleração no ritmo de expansão em relação ao primeiro trimestre deste ano, a indústria acumula de janeiro a outubro alta na produção de 11,8%, o maior aumento para o período da série histórica iniciada em 1991.
O índice de difusão do crescimento da produção, apurado no acumulado de janeiro a outubro, de 75%, também é o maior desde que começou a ser calculado, em 2003. No acumulado de todo o ano de 2009, o índice de difusão era de 28,3%.
Automóveis e motos
A alta de 2,8% na produção de bens de consumo duráveis em outubro ante setembro, também divulgada hoje, foi impulsionada sobretudo pela produção de automóveis e motocicletas, segundo explicou Macedo. A produção de veículos automotores (automóveis, autopeças e caminhões) aumentou 1,6% nessa base de comparação, impulsionada pelos automóveis. Já o segmento de outros equipamentos de transporte teve alta de 6,0%, sob impacto especialmente das motocicletas.
A produção de veículos automotores também aumentou 7,4% em outubro ante o mesmo mês do ano passado e representou a principal influência positiva para a produção industrial no período (2,1%). Nesta comparação, no entanto, a produção do segmento foi puxada por caminhões já que, segundo Macedo, a base de comparação para automóveis é muito elevada neste caso.
Máquinas e equipamentos
A queda de 0,2% na produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) em outubro ante setembro, após um resultado negativo em setembro ante agosto (baixa de 2,6%), pode ser uma “acomodação natural por causa da maturação de investimentos anteriores”, segundo avaliou o técnico da coordenação de indústria do IBGE. Porém, ele admite que a queda também pode estar relacionada ao aumento na importação de máquinas e equipamentos.
“Essa categoria está operando em patamar muito próximo do seu recorde, registrado em maio deste ano, e embora os últimos resultados sejam negativos, houve dados positivos muito fortes no primeiro semestre e os dados negativos podem ser preliminares, é preciso esperar os próximos meses”, disse. Na comparação com outubro do ano passado, a produção de bens de capital registrou aumento de 6,0%, acumulando no ano alta de 24,0%.
Edição e impressão
Entre as atividades industriais investigadas pelo IBGE, o segmento de edição e impressão, com queda de 12,2% na produção em outubro ante setembro, representou o principal impacto negativo no resultado de 0,4% da indústria nessa base de comparação, segundo observou Macedo. De acordo com o técnico, houve uma antecipação, em setembro – quando esse segmento registrou resultado positivo de 17,7% ante o mês anterior -, da produção de livros para o ano letivo de 2011 e esse recuo reflete, sobretudo, a base de comparação elevada.
Já o principal impacto positivo para o resultado industrial de outubro ante setembro foi dado pela indústria farmacêutica (4,9%), seguida por outros produtos químicos (2,9%). Ainda nessa base de comparação, dos 27 segmentos pesquisados, 12 registraram aumento na produção, enquanto 15 tiveram queda no período.
