A produção industrial do País recuou em 14 dos 26 ramos pesquisados em agosto ante julho, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os setores, a principal influência negativa foi registrada por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, que recuou 5,7%. A queda interrompeu um comportamento positivo iniciado em março, período em que acumulou ganho de 14,5%, afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

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“É um saldo positivo importante nesse período. Tem não só contribuição desse maior destino da safra de cana de açúcar para a produção de álcool, mas também influência da mudança na política de preços desse setor industrial sobre a produção de derivados de petróleo. Você diminui as importações e aumenta a produção internamente para atender à demanda doméstica”, disse Macedo.

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Em agosto, porém, a dinâmica positiva que vinha sendo registrada pelo setor de derivados de petróleo e de biocombustíveis foi impactada negativamente pela interrupção da produção na Refinaria de Paulínia, em decorrência de um incêndio. Outras contribuições negativas importantes sobre o total da indústria vieram de bebidas (-10,8%), de produtos alimentícios (-1,3%) e de indústrias extrativas (-2,0%).

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“Essa parte ligada ao petróleo tem impacto importante sobre esse resultado da indústria. Além da produção de derivados, também a extração de petróleo e gás tem um número maior de paradas programadas de plataformas de petróleo para manutenção. Não por acaso a categoria de bens intermediários tem resultado negativo maior e também ajuda mais na construção do resultado global (-0,3%), dado que é segmento de maior peso”, lembrou Macedo.

A categoria de bens intermediários responde por 55% de toda a indústria brasileira, enquanto a categoria de bens de consumo semi e não duráveis representa outros 25%. A fabricação de intermediários caiu 2,1% em agosto ante julho, enquanto bens de consumo semi e não duráveis encolheu 0,6%.

“Por mais que bens de capital (+5,3%) e bens de consumo duráveis (+1,2%) mostrem avanços bem acima da média da indústria (-0,3%), isso não faz com que ela ou venha para o território positivo ou mostre crescimento mais acentuado nas outras comparações”, observou Macedo. “As categorias econômicas que mostram perda na produção representam cerca de 80% da produção industrial”, completou.

Na direção oposta, entre os 12 setores que ampliaram a produção em agosto ante julho, o desempenho de maior relevância foi o de veículos automotores, reboques e carrocerias (2,4%), seguido por produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,3%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (5,1%) e celulose, papel e produtos de papel (2,0%).

“Diferentemente do mês passado, tem um número menor de atividades com crescimento. A queda no mês passado (julho) estava mais concentrada. Agora não, agora (agosto) tem um espalhamento maior de queda entre os segmentos”, acrescentou Macedo.