DESACELERAÇÃO

IBGE: produção industrial recua 1,6% em junho ante maio

A produção industrial recuou 1,6% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal, segundo informou nesta terça-feira (2) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou abaixo do piso das expectativas dos analistas ouvidos, que estimavam desde uma queda de 1% a uma expansão de 0,30%, com mediana negativa de 0,40%.

Na comparação com junho de 2010, a produção subiu 0,9%. Nesta comparação, as estimativas eram de uma expansão de 1,50% a 3,60%, com mediana positiva de 2,50%. Até junho, a produção da indústria acumula altas de 1,7% no ano e de 3,7% nos últimos 12 meses.

Atividades

A redução do ritmo da atividade industrial na passagem de maio para junho se deu de forma generalizada, atingindo 20 dos 27 ramos industriais pesquisados e todas as categorias de uso. A evolução do índice de média móvel trimestral reforça o quadro de menor dinamismo do setor industrial nesse mês, uma vez que se observa o primeiro resultado negativo desde outubro de 2010, após dois meses seguidos de taxas próximas da estabilidade.

Na comparação trimestre contra trimestre imediatamente anterior, a produção industrial também apontou sinais de diminuição no ritmo produtivo, ao passar de uma expansão de 2,0% no primeiro trimestre do ano para uma queda de 0,7% no trimestre seguinte. Entre as categorias de uso, todas mostraram menor dinamismo entre os dois períodos, com bens de capital (de 4,8% para 0,3%) e bens intermediários (de 0,9% para 0,2%) permanecendo com taxas ligeiramente positivas no segundo trimestre do ano, enquanto os setores produtores de bens de consumo duráveis (de 5,3% para -6,2%) e de bens de consumo semi e não duráveis (de 1,0% para -1,2%) reverteram as expansões registradas no primeiro trimestre de 2011.

Nos confrontos contra iguais períodos de 2010, os resultados permaneceram positivos no índice mensal, no segundo trimestre do ano e no fechamento do primeiro semestre, mas com clara redução na magnitude do crescimento frente ao observado nos meses anteriores, embora com predomínio de taxas positivas para a maior parte dos segmentos investigados.

Entre os ramos, 20 registraram queda e sete tiveram alta

O recuo de 1,6% observado no total da indústria entre maio e junho teve perfil generalizado de queda, alcançando 20 dos 27 ramos pesquisados e todas as categorias de uso. Entre os setores, o principal impacto negativo sobre a média global veio de refino de petróleo e produção de álcool (-8,9%), pressionado em grande parte pela paralisação técnica para manutenção em plantas industriais do setor, vindo a seguir produtos de metal (-10,9%), veículos automotores (-1,4%), alimentos (-1,2%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (-6,0%), máquinas e equipamentos (-1,4%) e metalurgia básica (-2,1%).

Vale destacar que, com exceção do ramo de metalurgia básica que apontou o terceiro recuo consecutivo, os demais setores registraram crescimento na produção no mês anterior: 6,4%, 9,9%, 3,4%, 3,7%, 0,8% e 4,9%. Por outro lado, entre as sete atividades que ampliaram a produção, edição e impressão (5,9%), após recuar 1,8% em maio, exerceu a influência positiva mais relevante sobre o total da indústria em junho.

No corte por categorias de uso, ainda na comparação com o mês imediatamente anterior, a queda mais acentuada foi observada em bens de consumo semi e não duráveis (-2,4%), após ficar estável em maio (0,0%) e recuar em abril (-1,9%). Os segmentos de bens de capital (-1,9%) e de bens intermediários (-1,6%) também mostraram redução na produção, com ambos eliminando o avanço de 1,6% assinalado no mês anterior. O setor produtor de bens de consumo duráveis, ao recuar 0,5% em junho, foi o único que registrou queda abaixo da média global da indústria (-1,6%).

Média móvel trimestral ficou em -0,9%

Com o resultado negativo na passagem de maio para junho, o índice de média móvel trimestral mostrou o primeiro resultado negativo desde outubro de 2010, com o trimestre encerrado em junho reduzindo em 0,9% o nível de maio. Entre as categorias de uso, ainda em relação ao movimento desse índice na margem, observou-se taxas negativas em todos os segmentos, com claro destaque para bens de consumo duráveis (-2,9%), que acentuou o ritmo de queda frente ao resultado de maio (-1,1%), vindo a seguir bens de consumo semi e não duráveis (-1,4%), bens de capital (-1,2%) e bens intermediários (-0,3%).

No acumulado em 2011, 19 das 27 atividades tiveram crescimento

No índice acumulado do primeiro semestre do ano, frente a igual período do ano anterior, o avanço foi de 1,7% para o total da indústria, com taxas positivas em todas as categorias de uso, 19 dos 27 ramos pesquisados, 45 dos 76 subsetores e 54,3% dos 755 produtos investigados.

Entre as atividades, veículos automotores, com acréscimo de 6,2%, manteve a liderança em termos de contribuição positiva sobre o índice geral, impulsionada pelos resultados positivos da maior parte dos produtos pesquisados no setor (aproximadamente 80%). Vale citar também os avanços assinalados em outros equipamentos de transporte (12,5%), farmacêutica (6,4%), equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, ópticos e outros (20,8%), minerais não metálicos (4,8%), indústrias extrativas (3,0%), máquinas e equipamentos (2,1%) e refino de petróleo e produção de álcool (2,0%).

Nestes ramos, os principais itens responsáveis pelo desempenho positivo foram respectivamente: caminhões, veículos para transporte de mercadorias e caminhão-trator; aviões e motocicletas; medicamentos; relógios; ladrilhos e placas de cerâmica, cimentos “portland” e massa de concreto; minérios de ferro; partes e peças para máquinas de terraplenagem, motoniveladores e aparelhos carregadoras-transportadoras; e gasolina e óleo diesel.

Por outro lado, os ramos de produtos têxteis (-12,6%), de outros produtos químicos (-2,4%), de bebidas (-4,6%) e de alimentos (-1,3%) exerceram as principais pressões negativas sobre a média global, influenciados em grande parte pelos itens roupas de banho e tecidos de algodão; herbicidas para uso na agricultura; preparações em xarope e em pó para elaboração de bebidas; e açúcar cristal e sucos concentrados de laranja, respectivamente.

Entre as categorias de uso, ainda no índice acumulado no ano, o perfil dos resultados para os primeiros seis meses do ano confirmou o maior dinamismo vindo do setor produtor de bens de capital (6,5%), impulsionado em grande parte pela maior produção dos subsetores de bens de capital para transporte e para construção.

O segmento de bens de consumo duráveis, que apontou expansão de 2,0% frente a igual período do ano anterior, também mostrou crescimento acima da média nacional (1,7%). A produção de bens intermediários avançou 1,2% no fechamento do primeiro semestre de 2011, enquanto a de bens de consumo semi e não duráveis assinalou ligeira variação positiva (0,2%).

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