A safra nacional de grãos em 2014 apresentará aumento na produção em 12 dos 26 produtos pesquisados pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta terça-feira, 11. “O maior impacto positivo é da soja. E o destaque negativo é o milho”, apontou Carlos Alfredo Guedes, técnico da Coordenação de Agropecuária do IBGE.
Em relação a 2013, o montante colhido será maior nas culturas de algodão herbáceo em caroço (12,2%), arroz em casca (6,3%), batata-inglesa 1ª safra (1,4%), batata-inglesa 2ª safra (4,9%), café em grão da espécie robusta (14,3%), cana-de-açúcar (0,8%), feijão em grão 1ª safra (62,3%), feijão em grão 2ª safra (11,3%), mamona em baga (365,9%), mandioca (10,3%), soja em grão (11,7%) e sorgo em grão (5,4%).
Na direção oposta, os 14 produtos que terão safra menor este ano são amendoim em casca 1ª safra (-7,6%), amendoim em casca 2ª safra (-15,7%), aveia em grão (-9,2%), batata-inglesa 3ª safra (-2,3%), cacau em amêndoa (-4,2%), café em grão da espécie arábica (-1,9%), cebola (-6,0%), cevada em grão (-17,3%), feijão em grão 3ª safra (-3,6%), laranja (-0,1%), milho em grão 1ª safra (-1,5%), milho em grão 2ª safra (-9,3%), trigo em grão (-16,2%) e triticale em grão (-13,0%).
Milho
A produção de milho deve somar 75,7 milhões de toneladas, uma redução de 6% em relação a 2013. A área plantada diminuiu 3,7%, enquanto a produtividade caiu 4,9%. “Como tivemos uma safra muito boa nos últimos anos, os preços caíram muito agora para 2014”, explicou Carlos Alfredo Guedes, técnico da Coordenação de Agropecuária do IBGE.
Guedes lembrou que, em 2012, a saca de 60 quilos do milho custava aproximadamente R$ 25,00. “Agora, lá no Mato Grosso, está em torno de R$ 15,00. Mas, na época do plantio, quando o produtor toma a decisão sobre o que plantar, estava em torno de R$ 10,00”, informou ele, lembrando que a soja, principal concorrente do milho, está custando quase R$ 46,00 a saca de 60 quilos.
A redução na produção da primeira safra de milho será de 1,5%. O técnico do IBGE disse que a queda só não é maior porque alguns Estados da Região Nordeste mostram recuperação na lavoura, depois de terem registrado perdas com a estiagem em 2013.
“Nessa primeira safra, os produtores optaram por cultivar mais a soja do que o milho. É uma competição acirrada”, disse. “Poderíamos ter uma supersafra de milho novamente. Não tempos porque os preços não estão favoráveis. Então já na primeira safra temos uma redução. Os produtores estão optando pela soja, pelo algodão”, acrescentou.
Ainda há expectativa pelos resultados da segunda safra de milho. No entanto, a previsão atual é de queda de 9,3% em relação a 2013. Mato Grosso, principal produtor, deve ter um recuo de 19% na produção do cereal.
“Produtores comentam que não vão plantar o que plantaram (de milho) no ano anterior, mas também não vão investir em tecnologia, como adubação adequada. Então deve ter uma redução na área e redução no rendimento também”, calculou Guedes. Apesar da redução esperada para a safra de milho, o milho de segunda safra deve superar a produção do milho primeira safra em 2014, pelo terceiro ano consecutivo.
Algodão
O cultivo de algodão herbáceo (em caroço) deve mostrar reação este ano, em virtude da recuperação nos preços. O LSPA do IBGE prevê uma área plantada de 1,053 milhão de hectares em todo o País, um aumento de 11,9% em relação a 2013. Como resultado, a produção deve alcançar 3,820 milhões de toneladas, crescimento de 12,2% na comparação com o ano anterior, segundo o IBGE.
“Os preços reagiram no mercado internacional. Em 2013, houve queda muito grande na produção porque os preços não estavam bons. Em 2014, os preços já melhoraram, e os produtores aumentaram a área do algodão”, explicou Carlos Alfredo Guedes, técnico da Coordenação de Agropecuária do IBGE. Mato Grosso, maior produtor de algodão do País, deve aumentar em 22,1% a produção em relação ao ano passado. A área a ser plantada cresceu 23,8%.
Na Bahia, houve um aumento de área de 400 hectares, mas, em virtude dos problemas com a infestação da lagarta Helicoverpa armigera, a produção deve ter redução de 965 toneladas (0,1%) em relação à de 2013. Os demais Estados produtores também estão apreensivos com a ocorrência da praga. “O problema é a infestação da lagarta, que afeta não só o algodão, mas também outras culturas. Na Bahia, apesar do pequeno aumento na área plantada, está havendo uma pequena redução na produção justamente por causa dessa praga”, apontou Guedes.
Soja
A produção de soja deve alcançar 91,283 milhões de toneladas em 2014, um crescimento de 11,7% em relação a 2013, segundo o IBGE. Os preços atrativos fizeram os produtores expandirem a área plantada em 6,2%. Também houve mais investimento em tecnologia e insumos, o que deve aumentar a produtividade em 5%.
“O preço está bom, os produtores aumentaram a área plantada e investiram em tecnologia, e o clima tem ajudado. Estamos esperando tanto um aumento na área plantada quanto no rendimento médio”, disse Guedes.
No Mato Grosso, responsável por 29,1% da safra nacional, os produtores esperam um aumento de 13,3% na produção. No entanto, o Estado tem sofrido com o excesso de chuvas na área mais importante para a cultura. Segundo o IBGE, há relatos de dificuldade na colheita e de avanço da praga ferrugem asiática. “Está até chovendo demais e atrapalhando a colheita”, lembrou Guedes.
Arroz
O Brasil deve produzir 12,501 milhões de toneladas de arroz em 2014, um crescimento de 6,3% em relação a 2013. Agrícola, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O montante deve ser suficiente para atender ao consumo interno do País.
“O aumento na produção foi incentivado pelos bons preços. Os produtores aumentaram a área plantada”, disse Guedes. “A gente aguarda também um aumento de produtividade. O clima tem beneficiado a cultura, que precisa de bastante quantidade de água para irrigação”, acrescentou.
A região Sul deve produzir 9,743 milhões de toneladas, o equivalente a 77,9% de toda a produção nacional. No Rio Grande do Sul, principal produtor, a área plantada deve alcançar 1,114 milhão de hectares, com produção estimada em 8,47 milhões de toneladas. O rendimento médio esperado é de 7.387 kg/ha, 7,9% maior que o do ano anterior.
No Nordeste, a estimativa para a produção é de 987.952 toneladas, um crescimento de 40,4% em relação a 2013, com aumento de 38,8% no rendimento médio esperado graças a expectativas melhores com as condições climáticas.
Feijão
A produção nacional de feijão deve alcançar 3,748 milhões de toneladas em 2014, um crescimento de 27,6% em relação a 2013. A área plantada foi estimada em 3,307 milhões de hectares, um aumento de 8,8% ante o ano passado. “O feijão tem uma expectativa boa de produção ainda, mas que pode não se confirmar se o clima no Nordeste não for muito bom”, ponderou Guedes.
A primeira safra de feijão está estimada em 1,771 milhão de toneladas, o que representa um crescimento de 62,3% ante a produção de 2013. O resultado é reflexo do aumento de 15,8% na área plantada e de 26,0% no rendimento médio.
“Por que esse aumento tão expressivo? Por causa dos bons preços. Então é esperado um aumento na produção para o Paraná, principalmente. Na Região Nordeste, há expectativa de melhores condições climáticas do que teve no ano passado, então é questão de melhora na produtividade”, explicou Guedes. Os maiores produtores da primeira safra de feijão são Paraná (24,4%), Ceará (12,8%) e Minas Gerais (12,8%). A segunda safra de feijão tem produção esperada de 1,475 milhão de toneladas, 11,3% maior que a de 2013.