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 Fonte: IBGE

Rio – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem a nova série com a variação do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto de todas as riquezas geradas no País em um ano) e em valores correntes dos anos de 2000 a 2005. O IBGE está adotando uma nova metodologia para cálculo do PIB.

 O PIB de 2005 foi revisado de um crescimento de 2,3% para uma expansão de 2,9% com a nova metodologia; o PIB de 2004 subiu de 4,9% para 5,7%; o de 2003 foi recalculado de 0,5% para 1,1%; e o de 2002 saiu de 1,9% para 2,7%. O PIB de 2001 manteve-se inalterado em 1,3% e o PIB de 2000 foi atualizado de 4,4% para 4,3%.

No caso dos valores correntes, houve aumento do PIB anual em reais de toda a série. Em 2005, o PIB foi de R$ 2,148 trilhões, ou 10,9% superior ao valor divulgado anteriormente, de R$ 1,938 trilhão.

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Em 2004, o PIB em valores correntes passou de R$ 1,767 trilhão para R$ 1,941 trilhão; o de 2003 saiu de R$ 1,556 trilhão para R$ 1,699 trilhão; o de 2002 passou de R$ 1,346 trilhão para R$ 1,478 trilhão; o de 2001 passou de R$ 1,199 trilhão para R$ 1,302 trilhão, e o de 2000 subiu de R$ 1,101 trilhão para R$ 1,179 trilhão.

Entre os elogios à nova metodologia do IBGE para o cálculo do PIB estão a incorporação das pesquisas anuais de indústria, comércio, serviços e construção na base de dados, com informações mais recentes e amplas; melhor medição da administração pública – no lugar do crescimento populacional como referência do crescimento físico da produção do setor público, novos indicadores serão usados, como a evolução do funcionalismo; abertura dos dados da agropecuária, com resultados para lavoura e pecuária.

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A revisão do PIB anual para o período de 1996 a 1999 foi para menos. O PIB de 1995 foi incorporado à nova série, calculada com nova metodologia, mas manteve-se inalterado em 4,2%, já que não houve comparação com 1994 e, desse modo, não houve variação na taxa. O PIB de 1996 caiu de 2,7% (série antiga) para 2,2% (nova série). O PIB de 1997 foi revisado um pouco para cima, de 3,3% para 3,4%. O PIB de 1998 recuou um pouco, de 0,1% para 0,0%. Já o PIB de 1999 diminuiu bastante, de 0,8% para 0,3%.

Os resultados apresentados nas revisões anteriores ao ano 2000 contrastam bastante com os dados a partir de 2002, quando houve fortes variações no PIB para cima.

Brasil melhora em ranking mundial

Rio (AE) – A revisão da metodologia do PIB (Produto Interno Bruto) nacional elevou a posição do Brasil no ranking das maiores economias mundiais, segundo apontou levantamento da consultoria econômica Austin Rating.

Segundo a Austin, o novo PIB permite ao Brasil subir uma posição no ranking mundial e ultrapassar a Coréia do Sul, estabelecendo-se em décimo lugar no rol das maiores economias do planeta, com um PIB, já convertido para a taxa média anual de câmbio, de US$ 882 bilhões. Uma comparação mais precisa com os demais países, no entanto, está dependente dos dados atualizados do FMI (Fundo Monetário Internacional), prevista para abril.

A consultoria destaca que a nova metodologia, além de mostrar uma taxa de crescimento do produto interno mais acelerada que se pensava, mostrou, por outro lado, uma piora no quadro dos investimentos.

A taxa de investimento do País em 2005, pela nova metodologia, caiu de 19,1% para 16,3% do PIB, ?deteriorando ainda mais a condição do País em relação a seus pares, principalmente China e Índia, onde a taxa está entre 25% e 30%?, aponta a consultoria.

Serviços ganham peso e indústria perde no novo PIB

Rio (AE) – A participação do setor de serviços no Produto Interno Bruto (PIB) foi ampliada em cerca de 10 pontos percentuais com a nova metodologia do PIB, segundo divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa variação ocorre em todos os anos entre 2000 e 2005 na comparação entre a série antiga e a série nova do PIB. No dado mais recente de 2005, os serviços respondiam por 54,1% do PIB e passaram para 64%. Já a indústria teve sua participação reduzida de 37,9% para 30,3% do PIB e a agropecuária teve queda de 8% para 5,6%.

O presidente do IBGE, Eduardo Nunes, explicou que parte do aumento em serviços se deve ao crescimento de segmentos do setor como serviços de informação. Outra parcela reflete a passagem de alguns segmentos que eram contados como industriais para serviços. Isso ocorreu, principalmente, por causa do fenômeno da terceirização.

Construção

Nunes explicou que o investimento em valores avançou, mas caiu como proporção do PIB com a divulgação da nova metodologia. ?O PIB é bem maior do que estimávamos anteriormente. Então, como proporção do PIB, o investimento caiu porque não cresceu tanto quanto o PIB?, afirmou.

Outro motivo dado por ele para a queda do investimento é que o setor de construção civil ?tem uma magnitude menor do que estimávamos antes?. A construção civil, que na série antiga do PIB, em 2005, respondia por 6,9% da economia em geral, diminuiu essa participação para 5,2% no mesmo ano, pela nova série.

Nunes observou que o outro componente do conceito de investimento como formação bruta de capital fixo (FBCF), o setor de máquinas e equipamentos, aumentou a sua participação no PIB com a nova metodologia. No entanto, o IBGE, ainda não divulgou a expansão específica do setor de máquinas e equipamentos.

Segundo o presidente do IBGE, a participação do setor informal na economia subiu e esse é um dos elementos que explicam o avanço do PIB em relação ao cálculo anterior. O setor informal correspondia a cerca de 8% do PIB na série antiga e agora ocupa aproximadamente 10% do PIB.

Petróleo

A participação de diversos setores na economia foi alterada. Dentro da indústria, o segmento extrativo mineral, formado basicamente pelos setores de petróleo e gás e mineração, teve sua participação no PIB reduzida, de 4,6% para 2,6%, no dado mais recente, que é de 2005.

Já a indústria de transformação encolheu de 23% para 18,4%. A produção e distribuição de eletricidade, gás e água, que é contabilizada pelo IBGE no setor de indústria, aumentou sua participação de 3,4% para 4,2%. A construção civil teve sua parcela reduzida de 6,9% para 5,2%. No setor de serviços, o comércio elevou sua participação de 7,2% para 10,7%. O segmento de transportes, armazenagem e correio, ampliou sua fatia no PIB de 1,9% para 4,9%.

Os serviços de informação tiveram a sua participação elevada de 2,9% para 4,2%. Já o setor de ?intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados? teve uma redução de parcela reduzida de 7,7% para 6,8% na composição do PIB.

As atividades imobiliárias e o aluguel mostraram variação pequena de uma metodologia para outra, passando de 8,5% para 8 8%. O grupo administração, saúde e educação públicas também variou pouco, passando de 15,6% para 15,1%. Na classificação do IBGE de ?outros serviços?, a mudança foi de 10,3% para 13,4%. Todos os números alterados referem-se ao ano de 2005.

Brasil voltará a ser a 8ª economia

Brasília (AE) – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o Brasil voltará a ser a oitava economia do mundo em função da mudança da metodologia de cálculo do PIB feita pelo IBGE. Segundo ele, o Brasil, em 2005, subirá da 9.ª colocação para a 8.ª em função da mudança.

Mais cedo, a consultoria Austin Rating, seguindo diferentes critérios, divulgou levantamento em que afirmava que o Brasil passou da 11.ª colocação para a 10.ª no ranking mundial em 2005.

Mantega lembrou, na entrevista, que o Brasil estava, pela metodologia antiga, apenas US$ 40 bilhões abaixo do oitavo colocado, que era a Itália. Segundo o ministro, como o PIB do Brasil crescerá US$ 160 bilhões com a nova metodologia, o Brasil conseguirá passar ?folgado? a Itália. ?Vamos passar folgado a Itália e vamos nos aproximar do sétimo lugar, que é a França?, disse. O ministro também aproveitou para dizer, em tom de brincadeira, que o ?G8 agora é com o Brasil dentro?.

Carga tributária caiu

Segundo Mantega, a carga tributária foi revisada e caiu de 37,4% para 33,7% do PIB em 2005. O novo cálculo feito pela Secretaria da Receita Federal já levou em conta a nova metodologia de cálculo do PIB usada pelo IBGE.

Em compensação, o superávit primário do setor público em 2005 caiu, pela mesma razão, de 4,83% para 4,35% do PIB. ?Temos algumas notícias boas e outras ruins?, comentou Mantega. Para 2006, o ministro não quis fazer nenhuma projeção de em quanto ficaria o resultado final com a nova metodologia do IBGE. Ele vai aguardar a divulgação, na próxima semana, do PIB de 2006, calculado já com base na nova metodologia. No ano passado, o superávit primário do setor público ficou em 4,33% do PIB, pelo cálculo antigo. A meta do superávit era de 4,25% do PIB para o ano passado.

Na outra ponta, o ministro comemorou a queda do déficit nominal do setor público em 2005, de 3,18% para 2,96% do PIB. Outra boa notícia, segundo Mantega, foi a queda da dívida líquida do setor público, de 51,5% para 46,5% do PIB. ?Ficamos mais próximos da condição de investment grade (grau de investimento). Estamos tendo um crescimento maior, um déficit nominal menor, uma dívida mais baixa e a inflação sob controle?, comemorou.

Agropecuária

A principal mudança na metodologia de cálculo do PIB, segundo Mantega, foi a redução do peso da agropecuária, que, de acordo com o ministro, segue tendência dos países avançados.

Na metodologia antiga, observou Mantega, a agropecuária representava 8% do PIB e agora, com a revisão, esse peso caiu para 5,6%. Já o peso da indústria, que era de 37,9%, caiu para 30,3%, seguindo, também, segundo o ministro, a tendência dos países mais ricos. Por outro lado, o setor de serviços teve sua participação no PIB elevada de 54,1% para 64%.

Entenda as mudanças das regras do PIB

Entre as novas mudanças na metodologia está o uso de informações anuais da Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, que serão repassadas ao instituto pela Receita Federal. Outra novidade será o uso de informações das quatro pesquisas anuais setoriais realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): indústria, comércio, serviços e construção civil. O IBGE aumentou o número de atividades econômicas analisadas, que passaram de 43 para 149. O número de produtos avaliados também foi ampliado de 80 para 293.

A apresentação da pesquisa ontem registra que a nova série tem valores finais para o período entre 2000 e 2003, pois incorporam as pesquisas anuais do IBGE e dados do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. Para 2004, os dados são considerados pelo IBGE como semi-definitivos, por não incorporarem as informações do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e, para 2005, são preliminares, por terem sido estimados pela soma dos trimestres. Segundo o IBGE, os dados definitivos de 2004 e 2005 serão divulgados até o final do ano.