IBGE investigará suposto vazamento de informações sobre índice de inflação

Rio de Janeiro – O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Pereira Nunes, afirmou nesta quinta-feira (11) que investigará, em caráter preliminar, o suposto vazamento de informações sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro. Ele, no entanto, descartou o clima de ?caça às bruxas? e afirmou que o órgão não pretende instaurar processo administrativo para apurar o assunto.

A suspeita foi levantada em matéria desta quinta-feira do jornal O Estado de S. Paulo. A publicação citou fontes do mercado que afirmaram ser de conhecimento dos operadores, já na terça-feira (9), que o IPCA, que fechou setembro em 0,18%, ficaria abaixo de 0,20%. A suposta divulgação antecipada teria afetado as operações com os contratos futuros de juros, chamados DIs.

Em entrevista coletiva, Nunes anunciou que duas ações imediatas foram tomadas. O IBGE interpelou judicialmente o jornal O Estado de S. Paulo, para que divulgue o nome de quem tenha cometido a irregularidade. O instituto também abriu um canal de denúncias, através do e-mail da Procuradoria do órgão: proibge@ibge.gov.br.

Apesar dessas providências, Eduardo Nunes afirmou que não abrirá sindicância nem qualquer tipo de procedimento administrativo por considerar que ainda não há provas de que as informações sobre o IPCA, índice usado pelo governo para fixar as metas de inflação do ano, tenham vazado. ?Tudo o que existem são rumores?, explicou.

Caso a investigação constate o repasse de informações antes da divulgação oficial do índice, o presidente do IBGE afirmou que o órgão encaminhará denúncia à Controladoria-Geral da União (CGU) e à Advocacia-Geral da União (AGU) para que continuem a apuração. ?Isso é importante para que não tenhamos prejudicada a imagem da instituição. Dos 7,5 mil funcionários, se tem algum que fez isso [vazamento de informação] é preciso que tenhamos a oportunidade de apurar?, disse.

Outra medida que está sendo discutida entre o IBGE e o Ministério do Planejamento é encurtar o intervalo entre a apuração do índice de inflação e a divulgação ao público, que atualmente leva até 24 horas. Nunes sugeriu que os dados sejam passados ao ministério no início da noite ou na manhã seguinte, horas antes da divulgação oficial. O cuidado se deve ao uso que operadores de mercado podem fazer se tomarem conhecimento de índices econômicos com antecedência.

O presidente do instituto explicou que o IPCA é processado por uma equipe de 15 técnicos, divididos em três grupos. De acordo com Nunes, nenhum deles sabe o resultado final do índice, que é repassado à coordenação, à direção e à presidência do IBGE, antes de ser enviado ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

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